Cinderela

Cinderela, ilustração de Carl Offterdinger.
Informações gerais

Cinderela é um dos contos de fadas mais populares da Humanidade.

Sua origem tem diferentes versões. A versão mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada num conto italiano popular chamado La gatta cenerentola ("A gata borralheira"). A mais antiga é originária da China, por volta de 860. Semelhante à versão de Charles Perrault e a versão dos Irmãos Grimm. Nesta, porém, não há a figura da fada-madrinha e quem favorece a realização do desejo de ir ao baile são os pombos e a árvore que crescem no túmulo de sua mãe. Neste caso, Cinderela sabe palavras mágicas, usadas no imperativo, que auxiliam na transformação de seu pedido em realidade. No final, as irmãs malvadas ficam cegas quando são atacadas por pombos que lhes furam os olhos. Segundo outras versões a figura da fada madrinha na verdade é o espírito da falecida mãe da própria protagonista que trazia um vestido do céu para Cinderela usar no baile.

Psicanalistas veem na história de Cinderela muito mais do que uma simples trama romântica. Por ter origem atemporal e ter surgido em várias civilizações diferentes, a trajetória da protagonista traduziria uma espécie de arquétipo fundamental, traduzindo o anseio natural da psiquê humana em ser reconhecida de forma especial e levada a uma existência superior. A literatura e o cinema, cientes disso, utilizaram-se de seu arco dramático para o desenvolvimento de inúmeras outras obras de apelo popular. Além das animações de Walt Disney — que sempre buscaram inspiração nos contos de fadas — merece destaque o filme Uma linda mulher, protagonizado por Julia Roberts, e que foi sucesso de bilheteria nos anos 1990.

A história

Cinderela experimenta o sapatinho de cristal

Cinderela era filha de um comerciante rico.[1] Depois que seu pai morreu, sua madrasta tomou conta da casa que era de Cinderela. Cinderela então, passou a viver com sua madrasta malvada, junto de suas duas filhas que tinham inveja da beleza de Cinderela e transformaram-na em uma serviçal. Ela tinha de fazer todos os serviços domésticos e ainda era alvo de deboches e malvadezas.[1] Seu refúgio era o quarto no sótão da sua própria casa e seus únicos amigos: os animais da floresta.[1]

Um belo dia, é anunciado que o Rei realizará um baile para que o príncipe escolha sua esposa dentre todas as moças do reino.[1] No convite, distribuído a todos os cidadãos, havia o aviso de que todas as moças deveriam comparecer ao Baile promovido pelo Rei.[1]

A madrasta de Cinderela sabia que ela era a mais bonita da região, então disse que ela não poderia ir porque não tinha um vestido apropriado para a ocasião. Cinderela, então, costurou um vestido com a ajuda de seus amigos da floresta. Passarinhos, ratinhos e esquilos a ajudaram a fazer um vestido de retalhos, mas muito bonito. Porém, a madrasta não queria que Cinderela comparecesse ao baile de forma alguma, pois sua beleza impediria que o príncipe se interessasse por suas duas filhas. Sendo assim, ela e as filhas rasgaram o vestido, dizendo que não tinham autorizado Cinderela a usar os retalhos que estavam no lixo. Fizeram isso de última hora, para impedir que a moça tivesse tempo para costurar outro.

A fada madrinha aparece para Cinderela (ilustração de 1927)
Ilustração de Otto Kubel, por volta de 1930

Muito triste, Cinderela foi para seu quarto no sótão e ficou à janela, olhando para o Castelo na colina. Chorou, chorou e rezou muito. De suas orações e lágrimas, surgiu sua Fada-madrinha que confortou a moça e usou de sua mágica para criar um lindo vestido para Cinderela. Também surgiu uma linda carruagem e os amiguinhos da floresta foram transformados em humanos, cocheiro e ajudantes de Cinderela. Antes de sua afilhada sair, a Fada-madrinha lhe deu um aviso: a moça deveria chegar antes da meia-noite, ou toda a mágica iria se desfazer aos olhos de todos.

Cinderela chegou à festa como uma princesa. Estava tão bonita, que não foi reconhecida a não ser pela madrasta,que passou a noite inteira dizendo para as filhas que achava conhecer a moça de algum lugar, mas não conseguia dizer de onde. O príncipe, tão-logo a viu, a convidou para dançar. Cinderela e o príncipe dançaram e dançaram a noite inteira. Conversaram e riram como duas almas gêmeas e logo se perceberam feitos um para o outro.

Acontece que a fada-madrinha tinha avisado que toda a magia só duraria até à meia-noite e um minuto. Quando o relógio badalou as doze batidas e um minuto, Cinderela teve de sair correndo. Foi quando deixou um dos seus sapatinhos de cristal na escadaria. O príncipe, muito preocupado por não saber o nome da moça ou como reencontrá-la, pegou o pequeno sapatinho e saiu em sua busca no reino e em outras cidades. Muitas moças disseram ser a dona do sapatinho, mas o pé de nenhuma delas se encaixava no objeto.

Quando o príncipe bateu à porta da casa de Cinderela, a madrasta trancou a moça no sótão e deixou apenas que suas duas filhas experimentassem o sapatinho. Apesar das feiosas se esforçarem, nada do sapatinho de cristal servir. Foi quando um ajudante do príncipe viu que havia uma moça na janela do sótão da casa.

Sob as ordens do príncipe, a madrasta teve de deixar Cinderela descer. A moça então experimentou o sapatinho, mas antes mesmo que ele servisse em seus pés, o príncipe já tinha dentro do seu coração a certeza de que havia reencontrado o amor de sua vida. Cinderela e o príncipe se casaram em uma linda cerimônia, e anos depois se tornariam Rei e Rainha, famosos pelo bom coração e pelo enorme senso de justiça. Cinderela e o príncipe foram felizes para todo o sempre.

Adaptações

A história de "Cinderela" foi origem de muitas obras notáveis​​:

Opera

Ballet

Show no Gelo

Poesia

Teatro

Pantomima

Cinderella estreou como pantomima no palco Drury Lane Theatre, em Londres em 1904 e no Adelphi Theatre em Londres em 1905. Phyllis Dare, com 14 ou 15 anos, estrelou o último. Na versão original da pantomima a cena de abertura é em uma floresta com uma caçada e é lá que Cinderela encontra pela primeira vez o príncipe encantado e sua mão direita Dandini, cujo nome e personagem vem da ópera La Cenerentola. Cinderela confunde Dandini com o Príncipe e o príncipe com Dandini. Uma versão estreou nos EUA no El Portal Theatre em 2010

Teatro musical

A versão de Rodgers e Hammerstein também foi encenada ao vivo, às vezes. Uma versão bem sucedido correu em 1958 no Coliseu de Londres com um elenco que inclui Tommy Steele, Yana, Jimmy Edwards, Kenneth Williams e Betty Marsden. Bobby Howell foi o diretor musical. A versão de 2005 caracterizou Paolo Montalbán e um elenco etnicamente diversa, como a versão de TV de 1997.

Filmes e televisão

Cinderella (1911)

Ao longo das décadas, centenas de filmes que foram feitos ou  adaptações diretas de Cinderela ou ter enredos vagamente baseado na história. Quase todos os anos pelo menos um, mas muitas vezes vários filmes são produzidos e liberados, resultando em Cinderela se tornar uma obra de literatura com um dos maiores números de adaptações para o cinema.

Telenovelas

Floricienta, uma telenovela argentina que conta a história de Flor Fazzarino, uma moça honesta e humilde que sofria por conta das bruxas más Delfina e Magda. A telenovela rapidamente vendeu formatos a países como Colômbia, Portugal, Chile, Brasil e México. No Brasil, a adaptação ganhou o nome Floribella e foi exibida entre 2005 e 2006 pela Rede Bandeirantes e pelo Disney Channel BR. Contou com Juliana Silveira no papel da protagonista Maria Flor, uma espécie de Cinderela contemporânea com direito a 'príncipes encantados' e até suas próprias fadinhas. De um clima alegre e musical, a produção tornou-se um grande sucesso.

Na telenovela brasileira Cheias de Charme (2012) da Rede Globo também podem ser vistas referências ao conto de fadas. A história de Cida (Isabelle Drummond), uma das protagonistas da trama gira em torno de seu trabalho de empregada doméstica em uma mansão de classe alta do Rio de Janeiro. Uma bela e sonhadora menina órfã, Cida sempre foi muito humilhada pela patroa e suas filhas, enquanto era consolada pela madrinha que a adotou, sem saber que era na verdade fruto do relacionamento de seu patrão com a falecida empregada da família, sua mãe. Em sua trajetória, Cida também pensa ter encontrado um príncipe encantado, mas depois descobre que ele só quer dar o golpe em sua família. Tudo muda quando ela, junto de suas amigas torna-se uma cantora famosa e humilha quem sempre a desejou mal. Este foi também um grande sucesso da dramaturgia, principalmente para o público infanto-juvenil.

Houve também uma novela brasileira exibida originalmente em 1977 pela extinta TV Tupi, de nome Cinderela 77. Retratando uma versão atualizada da velha história, estrelava Vanusa e Ronnie Von, cantores famosos na época, nos papeis de Cinderela e Príncipe, respectivamente.

Outras referências

A famosa droga composta da mistura de GHB, Ketamina, Rohypnol e Clorofórmio, usada para entorpecer pessoas com a intenção de roubá-las ou estuprá-las, é conhecida popularmente como Boa-Noite, Cinderela. O nome deve-se ao fato da droga geralmente ser aplicada na vítima em bailes e festas, e esta, assim que ingere, sofre alucinações como se fosse a Cinderela no momento em que ela dança com o príncipe no baile. Só depois de acordar, volta a lucidez, como no momento em que o feitiço se cessa e a Cinderela volta ao normal. O "Boa Noite" é devido ao fato da droga fazer a vítima desmaiar, como se fosse dormir mesmo sem vontade própria.

Referências

Ligações externas

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