Desmond Tutu | |
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10º Arcebispo da Cidade do Cabo | |
Nome nativo | Desmond Mpilo Tutu |
Informações | |
Arquidiocese | Arquidiocese anglicana da Cidade do Cabo. |
Diocese | Diocese of Cape Town. |
Ordenado | 1960 (diácono)
1961 (Vigário) |
Antecessor | Rev. Philip Russel |
Catedral | St. George's Cathedral, Cape Town |
Nascimento | Klerksdorp, Transvaal, União Sul-Africana 7 de outubro de 1931 |
Morte | Cidade do Cabo, Cabo Ocidental, África do Sul 26 de dezembro de 2021 (90 anos) |
Nacionalidade | sul-africano |
Denominação | Igreja Anglicana da África Austral |
Progenitores | Mãe: , Allen Dorothea Mavoertsek Mathlare Pai: Zachariah Zelilo Tutu |
Cônjuge | Nomalizo Leah Shenxane |
Alma mater | -Colégio Normal Bantu de Pretória
-Universidade da África do Sul ( BA ) -Colégio Teológico de São Pedro ( ThL ) -King's College London ( BDiv , ThM ) |
Assinatura |
Desmond Mpilo Tutu (Klerksdorp, 7 de outubro de 1931 – Cidade do Cabo, 26 de dezembro de 2021) foi um arcebispo da Igreja Anglicana agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid em seu país natal. Desmond foi o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo, tendo sido também o Primaz da Igreja Anglicana da África Austral entre 1986 e 1996.
Desmond Mpilo Tutu nasceu em Klerksdorp em 7 de Outubro de 1931, sendo o segundo filho de Zacheriah Zililo Tutu, um professor, e de Aleta, uma cozinheira. A família de Tutu mudou-se para Johannesburgo quando ele tinha apenas 12 anos de idade. Na cidade de Johannesburgo, Tutu conheceu Trevor Philips, chefe da paróquia de Sophiatown.
Apesar de Tutu ter o desejo de se tornar um médico, sua família não tinha como pagar os seus estudos de Medicina e Tutu resolveu seguir os passos de seu pai. Tutu estudou na Pretoria Bantu Normal College entre 1951 e 1953, quando foi para a Escola Normal de Joannesburgo. Depois foi para a King's College de Londres onde adquiriu bacharelato em Teologia.
Em 1975, se tornou o primeiro negro a ser nomeado deão da catedral de Santa Maria, em Johannesburgo. Após ser sagrado bispo, dirigiu a diocese de Lesoto de 1976 a 1978, ano em que se tornou secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul. Sua proposta para a sociedade sul-africana incluía direitos civis iguais para todos; abolição das leis que limitavam a circulação dos negros; um sistema educacional comum; e o fim das deportações forçadas de negros.
Sua firme posição militante antiapartheid[1] – a política oficial de segregação racial – e trabalho de conscientização pelos direitos civis e humanos lhe garantiram, em 1984, o Nobel da Paz.[2][3] Recebeu o título de doutor honoris causa de importantes universidades dos Estados Unidos (EUA), do Reino Unido, do Brasil e da Alemanha.
Em 1996 presidiu a Comissão de Reconciliação e Verdade, destinada a promover a integração racial na África do Sul após a extinção do apartheid. Esta comissão tem poderes para investigar, julgar e anistiar crimes contra os direitos humanos praticados na vigência do regime.
Em 1997 divulgou o relatório final da comissão, que acusa de violação dos direitos humanos tanto as autoridades do regime racista sul-africano quanto as organizações que lutavam contra o apartheid na África do sul. Foi membro do comitê de patrocínio da Coordenação internacional para o Decênio da cultura da não violência e da paz.
Ao lado de Nelson Mandela, Desmond Tutu foi uma das figuras centrais do movimento contra o Apartheid. Tutu iniciou centenas de protestos em locais públicos contra o governo sul-africano, e mesmo assumindo posições altas no clero africano, Tutu continuou a lutar contra a segregação racial em seu país. Como reconhecimento por seus esforços para promover a igualdade na África do Sul, Desmond Tutu recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984.
Desmond Tutu já recebeu 4 prêmios internacionais por seu trabalho pela igualdade entre as raças:
Tutu também já foi condecorado Capelão da Ordem de São João pela Rainha Isabel II em 1995.[4]
Em 2 de julho de 1955, Desmond Tutu se casou com Nomalizo Leah Shenxane, uma professora que ele conheceu durante a época colegial. Tutu e Nomalizo tiveram quatro filhos: Trevor Thamsanqa Tutu, Theresa Thandeka Tutu, Naomi Nontombi Tutu e Mpho Andrea Tutu. Todos se formaram na Waterford Kamhlaba School na Suazilândia.[5]
Trevor Tutu, o filho mais velho e mais polêmico de Desmond Tutu, provocou uma evacuação no Aeroporto de Londres em 1989 através de uma falsa denúncia de bomba e foi detido. Três anos depois Trevor foi condenado por causar pânico em um avião da South African Airways no mesmo aeroporto, porém se recusou a pagar a sentença e só foi preso em Johannesburgo em 1997.
Naomi Tutu é a fundadora da Fundação Tutu baseada na cidade de Hartford no estado norte-americano de Connecticut. Naomi seguiu os passos de seu pai e ingressou no ativismo dos direitos humanos, sendo atualmente uma coordenadora da Fisk University de Nashville, Tennessee.[6]
Mpho Tutu também seguiu os passos de seus pais na religião e em 2004 foi ordenada sacerdotisa por seu pai.[7]
Em 10 de junho de 2010, durante o Show de Abertura da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, Desmond Tutu reapareceu publicamente. Trajado com o uniforme da Seleção Sul-Africana, discursou de forma bem-humorada no palco do espetáculo, causando a euforia do público presente. Tutu falou sobre nacionalismo e sobre os efeitos do evento no país, e ao final pediu que o povo saudasse Nelson Mandela.
Tutu morreu na Cidade do Cabo no Oasis Frail Care Centre na manhã de 26 de dezembro de 2021.[8][9][10] Tinha 90 anos de idade.[11][12]
Desde o fim do Apartheid, Tutu permaneceu uma das figuras centrais da política sul-africana. Ao lado de seu amigo, Nelson Mandela, Tutu é respeitado por toda a população de seu país natal por sua luta incansável contra a segregação racial. Certa vez Mandela disse que "a voz de Desmond Tutu será sempre a voz dos sem vozes". Desde seu afastamento da política, Tutu manteve uma relação estreita com os políticos da África do Sul e fez duras críticas ao governo, acusando os governantes de corrupção e ineficácia para lidar com a pobreza e com os surtos de xenofobia recentes no país.[13]
Tutu também foi muito crítico com a elite política do país e já chegou a dizer em um discurso público que o país estava "sentado num barril de pólvora".[14]
As principais críticas de Tutu foram de que o país não conseguiu amenizar os índices de pobreza uma década após o Apartheid. Tutu também não se conformava com a exclusão dos negros em alguns ambientes. Tutu manteve-se extremamente crítico com os governantes de seu país e os acusou de xenofobia e corrupção ativa.
Desmond Tutu participou ainda, com outros ex-líderes de Estado, do grupo "The Elders", fundado por Nelson Mandela.[15]
Embora Tutu reconhecesse os judeus como participantes ativos da luta contra o Apartheid na África do Sul, Tutu se posicionava contra os conflitos na Palestina e o incentivo ao armamento bélico de Israel. Tutu comparou a segregação israelita contra os palestinos à segregação racial que seu povo sofreu durante o Apartheid.
Em 1988, o American Jewish Committee (AJC) fez algumas observações sobre as críticas de Tutu e chegou à conclusão de que Tutu se mostrou muito crítico com Israel e comparou os militares israelenses com os racistas do Apartheid. Tutu negou ter feito declarações antissemitas,[16] mas manteve sua posição contra os militares judeus e afirmou que "o Sionismo é paralelo ao Apartheid e parecido com o racismo e o efeito de ambos é o mesmo".[17]
Durante os anos 2000, Tutu mostrou-se menos crítico com Israel,[18] mas defendeu intensamente o fim dos conflitos na Faixa de Gaza. Em 2006, Tutu foi convocado pela ONU para ser o líder de uma investigação sobre os ataques israelenses contra a cidade de Beit Hanoun durante a Operação Chuvas de Verão. O estado de Israel não permitiu a entrada de Tutu no país até 2008.
Tutu é o autor de sete coleções de sermões e outros escritos:
"… at the age of 90, he died peacefully at the Oasis Frail Care Centre in Cape Town this morning," Dr Ramphela Mamphele, … said in a statement on behalf of the Tutu family. She did not give details on the cause of death.
Precedido por Lech Wałęsa |
Nobel da Paz 1984 |
Sucedido por Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear |