Galeria Prestes Maia | |
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Tipo | galeria de arte |
Acervo | 10 |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localidade | Vale do Anhangabaú |
Localização | São Paulo - Brasil |
Homenageado | Prestes Maia |
A Galeria Prestes Maia é um espaço artístico e cultural da cidade de São Paulo, que também tem uma ligação subterrânea entre a Praça do Patriarca e o Vale do Anhangabaú, com saída abaixo do Viaduto do Chá. Foi na passagem da galeria que foram inauguradas as primeiras escadas rolantes públicas da cidade, em 1955.[1][2]
A galeria é formada por três andares: subsolo, que dá acesso ao Vale do Anhangabaú sob o Viaduto do Chá, térreo e mezanino, onde fica a Sala Almeida Júnior.[3] Inaugurada em 1940 pelo então prefeito Francisco Prestes Maia, ela tem um espaço de seis mil metros quadrados batizado de Salão Almeida Júnior,[4] onde, logo na inauguração, deu-se o Salão Paulista de Belas Artes, com a presença de artistas como Anita Malfatti.[5] Durante a inauguração, o então presidente Getúlio Vargas preparava-se para fazer um longo discurso, mas o locutor do evento apresentou-o com a frase "Atenção, brasileiros, para as breves palavras de sua excelência, o presidente Getúlio Vargas", e Vargas limitou-se a dizer: "Tenho a honra de declarar inaugurada esta galeria."[6]
Depois de um processo de degradação na década de 1970, o local passou a abrigar postos administrativos de órgãos públicos,[5] como a Cohab, que ficou até outubro de 2000,[7] e o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), voltado para doentes de Aids, que funcionou na galeria entre 1989 e 1995 e era "ponto de referência para médicos e doentes de Aids em todo o país", segundo o jornal Folha de S. Paulo.[8] Esses postos só começaram a ser desativados a partir de 1995, quando se divulgou reformas e adaptações que incluíam uma praça de alimentação e um pequeno auditório para palestras, que nunca saíram do papel, além da remoção do trânsito pesado na Praça do Patriarca, próximo à entrada da galeria, com um orçamento total de cinco milhões de dólares.[9] "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp. Esse projeto culminaria, no ano seguinte, com a cessão da galeria ao Masp por meio de decreto do então prefeito Paulo Maluf.[5] "A galeria foi criada para ser um espaço de arte, mas tomou outros rumos. Vamos recuperar o projeto inicial", disse em março de 1995 Sanderley Fiusa, presidente da comissão criada pela prefeitura para a revitalização do Centro.[10] Também havia sido cogitada a transformação da galeria em um shopping center 24 horas.[10] "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp, que ainda revelou ser o interesse pela galeria anterior à sua gestão.[11] Não estava prevista a exposição de nenhuma das trezentas obras do acervo permanente do Masp, mas partes das outras 4 700 obras que o museu tinha e, especialmente, exposições temporárias de que a matriz não dava conta.[11] Ainda em 1995, falou-se de um projeto mais extenso, que transformaria o Vale do Anhangabaú em um centro cultural, o que basicamente transformaria o trecho da Galeria Prestes Maia ao Teatro Municipal em um único espaço cultural.[12]
O convênio com o Masp, entretanto, só iniciou-se de fato em 28 de novembro de 2000, com a mostra "São Paulo, de Villa a Metrópole",[3] embora poucos meses antes o Masp ainda considerasse que o negócio "não se concretizou".[13] O chamado Masp-Centro foi aberto "a toque de caixa", com uma "pequena reforma" de trezentos mil reais, porque, de acordo com Neves o então prefeito Celso Pitta fazia questão de inaugurá-lo[7] — sua gestão terminaria menos de dois meses depois. A filial não chegou a ter um acervo permanente,[14] embora tenha abrigado diversas exposições e eventos de empresas como Casa de Criadores e São Paulo Fashion Week.[15] A concessão encerrou-se em dezembro de 2008, quando o então prefeito Gilberto Kassab assinou a revogação do decreto original,[4] embora após uma guerra de liminares a retomada de posse só tenha se dado no início de novembro do ano seguinte.[16] Na época o espaço estava desocupado, porque, de acordo com a direção do Masp, infiltrações impediam "qualquer atividade".[17] Segundo a Folha publicou em junho de 2009, as obras teriam sido paradas em 2004, mas a comunicação à prefeitura sobre as infiltrações só foi feita três anos depois.[15] O Masp tinha investido "superiores a três milhões de reais" em elevadores, ar-condicionado, reformas dos banheiros[18] e melhorias no piso e nos sistemas hidráulico e elétrico, mas reclamou da falta de uma contrapartida da prefeitura, o que era rebatido pela Secretaria Municipal de Cultura, que dizia que, a partir da concessão, a manutenção seria de responsabilidade do Masp.[4] A prefeitura alegou ainda que o espaço era usado indevidamente como depósito e que a galeria estivera fechada nos anos anteriores.[15] O Masp ainda reclamou que a revogação do decreto teria sido feita "de surpresa".[17]
Em 2002 a entrada superior da galeria foi coberta por uma marquise do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, onde antes havia um terminal de ônibus. A marquise causou polêmica, por supostamente afetar a visibilidade da Igreja de Santo Antônio, na Praça do Patriarca.[19] O professor de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Carlos Lemos escreveu artigo na Folha três anos depois, em que fustigou a cobertura por ter sido colocada no lugar do abrigo em estilo art-deco do arquiteto Elisário Bahiana, que fazia parte do projeto do Viaduto do Chá e era tombado desde 1992.[20] "Que revitalização trouxe o belo e inoportuno projeto para o local?", perguntava, no artigo, respondendo em seguida: "Nenhuma, a não ser provocar reclamações."[20] Durante as obras de construção da marquise, o Masp-Centro ficou fechado.[19]
O projeto mais recente, divulgado em 2011, é que a galeria se torne um anexo do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura, passando a fazer parte de um completo que também deverá incluir o prédio do antigo Hotel Othon, na Rua Líbero Badaró, ao lado da entrada superior da Galeria Prestes Maia.[21] Até o início do ano anterior ainda não havia definição de qual seria o destino da galeria.[4] Com a mudança, foi prevista uma reforma em que as várias salas de exposição darão lugar a apenas uma, com dois mil metros quadrados, e a auditórios para eventos da prefeitura e treinamento de servidores públicos.[21] O acesso a esse espaço será controlado por meio de catracas, já que a galeria continuará aberta ao público para passagem entre a Praça do Patriarca e o Vale do Anhangabaú.[21]
A galeria tem seis mil metros quadrados de área.[21]
Um presépio napolitano de 1720, doado por Ciccillo Matarazzo, que hoje faz parte do acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo,[22] foi montado pela primeira vez em São Paulo na galeria, passando mais tarde a ser montado na marquise do Parque Ibirapuera.[23] O local ainda abriga "Graça I" e "Graça II"[24] (esculturas de Victor Brecheret) e uma réplica em bronze da escultura Moisés, de Michelangelo, feita pelo Liceu de Artes e Ofícios.[5] Durante a Virada Cultural de 2010 a galeria foi usada como palco de sessões de "suspensão corporal", em que pessoas eram içadas por ganchos enfiados diretamente nas costas.[25] Houve fila para participar do evento.[26]