Guerra Civil Sul-Sudanesa | |||
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Situação militar no Sudão do Sul:
Sob o controle do Governo do Sudão do Sul
Sob o controle do Movimento Popular de Libertação do Sudão na Oposição
Sob o controle do Governo do Sudão
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Data | 15 de dezembro de 2013 – 22 de fevereiro de 2020 (6 anos, 2 meses, 1 semana e 1 dia) | ||
Local | Sudão do Sul | ||
Desfecho | Cessar-fogo firmado
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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190 000 mortes violentas[12] 193 000 mortes causadas por fome, doenças e deslocamentos forçados[12] |
A Guerra Civil Sul-Sudanesa foi um conflito militar que aconteceu no Sudão do Sul, entre as forças do governo e as da oposição.[13][14][15][16] Estimativas apontam que pelo menos 400 mil pessoas foram mortas na guerra e outras duas milhões foram deslocadas de suas casas, de acordo com a ONU.[17][18] Diversas tentativas de cessar-fogo já ocorreram, mas todas acabaram falhando. A primeira delas em 23 de janeiro[19] seguida por mais uma em 9 de maio.[20] O conflito tinha um caráter fortemente étnico e sectário, sendo o governo representado pelos dinka e a oposição pelos nuer.[21]
Em 22 de fevereiro de 2020, o presidente Salva Kiir e Riek Machar, seu principal rival, firmaram um acordo para formar um governo de unidade nacional, encerrando, pelo menos formalmente, a guerra.[22]
O conflito teve início em 15 de dezembro de 2013, no encontro do Conselho da Libertação Nacional em Nyakuron, quando os líderes de oposição Riek Machar, Pagan Amum e Rebecca Garang votaram por boicotar o encontro a ocorrer em 15 de dezembro.[23] O presidente Salva Kiir ordenou então o desarmamento de todas as tropas. Depois de desarmadas foi ordenado o rearmamento dos Dinka,[23] em resposta os membros da etnia Nuer se rearmaram. Os combates irromperam entre esses grupos e se espalharam para as ruas da capital Juba quando membros dinka do SPLM começaram a atacar civis da etnia Nuer[23]
O presidente acusou seus opositores de tentarem um golpe de Estado, mas que a situação estava controlada.[24] Em 18 de dezembro, Machar negou qualquer tentativa de golpe e acusou o presidente de fabricar tal alegação para atacar adversários políticos, afirmando que a violência havia sido iniciada pela guarda de Kiir.[25]
A violência se espalhou de Juba para as cidades vizinhas.[26] Em 19 de dezembro a cidade de Bor foi atacada e tomada por milícias Nuer. Sendo retomada por forças do governo no fim de dezembro.[27] Os combates se intensificaram entre dezembro e janeiro, e no dia 23 de janeiro ocorreu a primeira tentativa de cessar-fogo.[19] Esse acordo foi rompido em 26 de janeiro quando forças leais ao governo atacaram posições rebeldes, acusação que o governo nega, culpando os rebeldes pela ofensiva.[28]
Em 20 de abril de 2014, mais de 200 civis foram massacrados por tropas Nuer em Bentiu. Suspeitas de que todas as vítimas fossem da etnia Dinka.[29] Em 9 de maio um segundo cessar-fogo foi assinado, mas colapsou em questão de horas.[30] Em 11 de Junho, Kiir e Machar concordaram em iniciar negociações para a formação de um novo governo. Contudo ambos os lados boicotaram as negociações e em 16 de junho o cessar-fogo foi violado.[31]
Em 2 de outubro de 2014, as negociações de paz foram retomadas.[32]
Em Agosto de 2015, ambas as partes concordaram em assinar um tratado de cessar-fogo.[33] Entre outras recomendações, o acordo garantia o retorno de Machar a vice-presidência do país. Em Abril de 2016, este retornou a capital Juba e a vice-presidência.[34]
Em Julho de 2016, houve a retomada de fortes conflitos armados na região de Juba. Mais de 300 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas.[35] Após o presidente Kiir e o vice-presidente Machar tentarem por fim aos confrontos, Maachar deixou Juba. Para a continuação das negociações de paz, Taban Deng Gail, ministro de minas e negociador-chefe dos rebeldes, foi indicado para o seu lugar como vice-presidente. Machar porém alega que as negociações são inválidas pois já havia despedido Gail.[36]
Em fevereiro de 2020, Salva Kiir e Riek Machar anunciaram que haviam chegado a um acordo para formar um governo de unidade nacional. Entre alguns pontos de disputa, estavam o número de estados que o país teria e quem controlaria as regiões produtoras de petróleo (a principal fonte de renda do Sudão do Sul).[37] Em 22 de fevereiro, Machar foi empossado como vice de Kiir, encerrando, formalmente, as hostilidades entre os dois.[38]
Confrontos entre grupos locais armados, como também forças governistas e da oposição, tomaram força entre junho e outubro de 2021 no estado de Equatoria Ocidental, dezenas de fatalidades e milhares de deslocados foram relatados, a situação de violência pode configurar novos crimes de guerra, segundo a Anistia Internacional.[39] Vilas inteiras foram destruidas por todas as forças envolvidas no conflito. Ataques às comunidades Azande e Balanda foram particularmente denunciados.[39]
Em fevereiro de 2018, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas no Sudão do Sul tornou público um relatório onde identifica 40 militares do governo como os responsáveis por diversos crimes de guerra e contra a humanidade, tendo como alvo a população civil.[40]
Entre os casos de violência descritos no documento estavam pessoas que foram castradas, tiveram seus olhos arrancados ou foram degoladas. O documento ainda inclui o relato de uma mulher, mãe de um menino de 12 anos, que para sobreviver teve que estuprar a própria avó. A mesma mulher viu seu marido ser castrado.
O relatório inclui apenas uma parte de toda a informação recolhida, que inclui 58 mil documentos e declarações de 230 testemunhas. O relatório deve ser usado para julgar os autores em tribunais e para outros mecanismos previstos no Acordo de Paz assinado em 2015.[41]