Hans Albert
Hans Albert
Nascimento 8 de fevereiro de 1921
Colônia
Morte 24 de outubro de 2023 (102 anos)
Heidelberg
Cidadania Alemanha
Alma mater
Ocupação filósofo, sociólogo, professor universitário
Prêmios
  • Cruz de Oficial da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha (2008)
  • Prêmio Ernst Hellmut Vits (1976)
  • Doutor honoris causa da Universidade de Atenas
  • Doutor honoris causa da Universidade de Graz (2006)
  • Austrian Decoration for Science and Art First Class (1994)
Empregador(a) Universidade de Mannheim, Universidade de Colônia
Movimento estético filosofia ocidental
Religião ateísmo

Hans Albert (Colônia, 8 de Fevereiro de 192124 de outubro de 2023) foi professor de ciências sociais na Universidade de Mannheim a partir de 1963, e permaneceu na universidade até 1989.  Seus campos de pesquisa eram ciências sociais e estudos gerais de métodos. Ele era um racionalista crítico, prestando especial atenção às heurísticas racionais. Albert foi um forte crítico da tradição hermenêutica continental vinda de Heidegger e Gadamer.

Vida

Albert nasceu em Colônia, Alemanha, em 8 de fevereiro de 1921, filho de um professor de latim e história.  Em 1950, ele obteve um diploma em administração de empresas na Universidade de Colônia, seguido por um doutorado em política social em 1952.  De 1952 a 1958, ele trabalhou como assistente no instituto de pesquisa para ciências sociais e administrativas da universidade, onde também obteve um Dr. habil. em política social em 1957. Como conferencista, falou sobre lógica, teoria da ciência e economia do Estado de bem-estar social. A partir de 1958 participou na Alpbacher Hochschulwochen (uma conferência de verão na aldeia alpina austríaca de Alpbach), onde conheceu Karl Popper depois de ter estudado e abraçado principalmente a sua filosofia. Depois de 1955, ele teve discussões com Paul Feyerabend, que naqueles tempos era um racionalista crítico e um admirador de Karl Popper. Suas cartas foram posteriormente publicadas. Em 1963, Albert recebeu a cadeira de Ciências Sociais e Estudos Gerais de Métodos (mais tarde chamada de Sociologia e Estudos de Economia) na Wirtschaftshochschule Mannheim (mais tarde Universidade de Mannheim).[1]

1961-1969 foi a época do chamado Positivismusstreit (disputa positivista), o debate entre Karl Popper e Theodor W. Adorno sobre o positivismo dentro da sociologia alemã durante a década de 1960. Albert participou desta famosa Tagung der deutschen Gesellschaft für Soziologie (Conferência da Sociedade Alemã de Sociologia) em 1961 em Tübingen. No início, não havia disputa sobre o positivismo, porque tanto Adorno quanto Popper eram contrários ao positivismo. O debate foi mais sobre as diferenças entre ciências sociais e ciências naturais e o status dos valores nas ciências sociais. Em 1963, o debate foi continuado por Jürgen Habermas no Festschrift für Adorno. Em 1964, na Soziologentag (Conferência de Sociologia) de Heidelberg, o debate transformou-se em uma discussão empolgada entre Habermas e Albert. A disputa culminou em uma coletânea de ensaios, publicados em 1969 e traduzidos para vários idiomas. Essa disputa ganhou um público amplo.[1]

Em 1989, Albert se aposentou do serviço ativo como professor emérito, mas continuou escrevendo livros e dando palestras em muitas universidades, como as palestras de 1990 na Universidade de Graz sobre Racionalismo Crítico, as Palestras Walter Adolf de 1995 na Hochschule St. Gallen, e as Wittgenstein Lectures de 1998 na Universidade de Bayreuth (com Rainer Hegselmann) sobre racionalismo crítico.[1]

Foi um forte crítico da hermenêutica continental inaugurada por Heidegger e seguida por Gadamer. Criticou e rejeitou o relativismo e o dogmatismo por se apoiarem em estratégias de imunização tendo em vista evitar a crítica legítima. Formulou o “trilema de Münchausen” como argumento contra o Fundacionalismo. Todas as pretensões de conhecimento são falíveis, e por conseguinte susceptíveis de revisão. Na controvérsia do positivismo alemão que alcançou o seu apogeu no início da década de 1960, Hans Albert e Karl Popper foram os principais adversários de Adorno e Habermas.[2]

Obras principais

Recepção de suas teorias no Brasil e em Portugal

O Racionalismo Crítico, desenvolvido por Karl Popper e Hans Albert, tem sido amplamente resgatado nos últimos anos por meio de eventos acadêmicos, traduções e novas pesquisas em Mestrado e Doutoramento em diferentes áreas do conhecimento.

Um dos exemplos de publicações recentes foi o artigo publicado em 2009 sobre a relação entre o pensamento de Hans Kelsen e o argumento de Hans Albert. A pesquisa foi publicada em revista de alto impacto (qualis A1) da Universidade Federal de Santa Catarina, com autoria de Inácio Helfer e Leandro Konzen Stein.[3]

Em 2013, foi publicada uma coletânea com a tradução de diferentes textos de Hans Albert sobre o direito e a ciência jurídica ("O Direito à luz do Racionalismo Crítico"). A obra foi traduzida e organizada por Günther Maluscke (Universidade de Fortaleza) e pela Editora da Universidade de Brasília. O evento de lançamento foi realizado no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).[4]

Em 2014, foi defendida dissertação de mestrado na área de Filosofia sobre a relevância do pensamento de Karl Popper e Hans Albert na discussão sobre ciência e a crítica ao positivismo: "A investigação sobre a ética da ciência: a nova hermenêutica do racionalismo crítico à luz do positivismusstreit" - escrita e defendida por Douglas Cavalheiro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.[5]

Outro estudo recente foi a tese doutoral na área jurídica, defendida na Universidade Federal de Pernambuco: "Mutações constitucionais nos discursos jurídicos: o problema da evolução do direito na teoria da decisão a partir do racionalismo crítico" - defendida por Pedro de Oliveira Alves em 2021.[6]

Entre os dias 02 e 15 de Março de 2022, o Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra promoveu a exposição "Direito e princípio da congruência no tempo da ciência: o Século de Hans Albert (N. 1921)". O evento em Portugal contou com a participação de pesquisadores do Instituto Hans Albert: Dr. Florian Chefai e Dr. Jonas Pöld.[7][8][9]

Apesar dos estudos recentes, a obra de Hans Albert ainda encontra-se em fase de descoberta e de debates iniciais.

Morte

Albert morreu em 24 de outubro de 2023, aos 102 anos.[10]

Referências

  1. a b c «Kritischer Rationalist Hans Albert im 103. Lebensjahr verstorben». DER STANDARD (em alemão). Consultado em 27 de outubro de 2023 
  2. Thomas Mautner. Dicionário de filosofia, Edições 70, 2010
  3. Helfer, Inácio; Stein, Leandro Konzen (2009). «Kelsen e o trilema de Münchhausen». Seqüência Estudos Jurídicos e Políticos: 47–72. ISSN 2177-7055. doi:10.5007/2177-7055.2009v30n58p47. Consultado em 17 de março de 2023 
  4. «Lançamento da obra "O Direito à Luz do Racionalismo Crítico" - Migalhas». www.migalhas.com.br. Consultado em 16 de março de 2023 
  5. Cavalheiro, Douglas André Gonçalves (17 de dezembro de 2014). «A investigação sobre a ética da ciência: a nova hermenêutica do racionalismo crítico à luz do positivismusstreit». Consultado em 17 de março de 2023 
  6. Alves, Pedro de Oliveira (28 de junho de 2021). «Mutações constitucionais nos discursos jurídicos : o problema da evolução do direito na teoria da decisão a partir do racionalismo crítico». repositorio.ufpe.br. Consultado em 17 de março de 2023 
  7. Coimbra, Universidade de. «Exposição «Direito e princípio da congruência no tempo da ciência: o Século de Hans Albert (N. 1921)»». uc.pt. Consultado em 17 de março de 2023 
  8. «Universität Coimbra Ehrt Hans Albert: Am 2. März fand an der Universität Coimbra (Portugal) eine Eröffnungsveranstaltung zur Ausstellung «Direito e princípio da congruência no tempo da ciência: o Século de Hans Albert (N. 1921)» statt, in der das Werk von Hans Albert gewürdigt wurde.». Hans-Albert Institute. 2022. Consultado em 16 de março de 2023 
  9. Coimbra, Universidade de. «Institut Hans Albert louva iniciativa do Instituto Jurídico». uc.pt. Consultado em 17 de março de 2023 
  10. «Soziologe Hans Albert mit 102 Jahren gestorben». Die Zeit (em alemão). 24 de outubro de 2023. Consultado em 24 de outubro de 2023 

Ligações externas