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O Livro Branco de 1939, também denominado Livro Branco de MacDonald em alusão ao ministro britânico das Colónias que o patrocinou, é um texto publicado pelo Governo britânico de Neville Chamberlain em 17 de maio de 1939 e que determinava o futuro imediato do Mandato Britânico da Palestina até que se tornasse efectiva a sua independência. O texto recusava a ideia de dividir o Mandato em dois estados, favorecendo uma só Palestina independente governada em comum por árabes e judeus, com os primeiros a manter a maioria demográfica.

O Livro Branco ocupava-se de três questões fundamentais:[1]

Antecedentes

Zonas de influência francesa e britânica estabelecidas pelo Acordo Sykes-Picot

Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos tinham feito duas promessas em relação ao Médio Oriente. Por um lado, o Reino Unido tinha prometido ao governo Hachemita de Hiyaz, através de Lawrence da Arábia e da Correspondência Husayn-McMahon, a independência de um país árabe unido, que incluiria a Síria, em troca do apoio aos britânicos contra o Império Otomano. O Califado Otomano tinha declarado uma jihad e esperava-se que a aliança com os árabes evitasse uma possível insurreição geral dos muçulmanos contra os britânicos nas suas colônias em África, na Índia e no Extremo Oriente. Por outro lado, a Grã-Bretanha também negociou o Acordo Sykes-Picot, um tratado internacional de partição do Médio Oriente com a França.

Ao mesmo tempo, os dirigentes britânicos tinham interesse no sionismo, convencidos da influência econômica dos judeus. David Lloyd George, Primeiro-Ministro do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, um pregador evangélico, havia colaborado estreitamente com o movimento sionista.[2] Este e outros aspectos estratégicos, tais como assegurar o apoio judeu na Europa Oriental, dado o colapso da frente russa, culminou com a Declaração de Balfour de 1917, e o compromisso da Grã-Bretanha de fomentar a criação de Lar Nacional Judeu no território do Mandato Britânico da Palestina. A delimitação desse amplo território e o objetivo de criação de um Estado judeu foram aprovados na Conferência de San Remo.

Em junho de 1922 a Sociedade das Nações aprovou o Mandato Britânico da Palestina, com efeitos a partir de setembro de 1923. O Mandato da Palestina estabelecia as responsabilidades e competências da Grã-Bretanha na administração da Palestina, incluindo «assegurar o estabelecimento do lar nacional judeu» e «a salvaguarda dos direitos civis e religiosos de todos os habitantes da Palestina». Em setembro de 1922, o governo britânico apresentou um memorando à Liga das Nações, no qual se indicava que a Transjordânia ficaria excluída de todas as disposições relativas aos assentamentos judeus. Devido à firme oposição árabe, grupo étnico amplamente majoritário na Palestina,[3] e à pressão contra a imigração judia, a Grã-Bretanha limitou o fluxo de imigrantes à capacidade econômica do Mandato para absorvê-los.

Depois da ascensão de Adolf Hitler e outros regimes antissemitas na Europa, aumentou o número de judeus europeus dispostos a gastar o dinheiro necessário para entrar no Mandato Britânico da Palestina. As Leis de Nuremberga de 1936 converteram 500 000 judeus alemães em refugiados apátridas. A emigração judia foi limitada pelas restrições nazis à transferência de fundos para o estrangeiro, mas a Agência Judia foi capaz de contornar esses obstáculos, negociando um acordo pelo qual judeus alemães podiam comprar mercadorias alemãs e exportá-las para o Mandato Britânico.

Assim, um grande número de judeus começou a imigrar para o Mandato. Segundo o Ministério israelense de Absorção e Imigração, entre 1933 e 1936 mais de 160 000 imigrantes chegaram legalmente, além dos milhares que chegaram clandestinamente.[4] Essa foi a razão para a revolta árabe de 1936, liderada por Hajj Amin al-Husayni, grande mufti de Jerusalém, que foi posteriormente o principal aliado árabe do Terceiro Reich. A Grã-Bretanha respondeu à rebelião com a nomeação de uma Comissão Real, conhecida como a Comissão Peel, que viajou para o Mandato e levou a cabo um estudo de fundo dos problemas. A Comissão Peel recomendou em 1937 que o Mandato Britânico fosse dividido en dois estados, um árabe e outro judeu.

Referências

  1. «Livro Branco de 1939, The Avalon Project, Yale Law School (em inglês)» 🔗 
  2. HAMILTON, Jill. God, Guns and Israel: Britain, the First World War and the Jews in the Holy City, Sutton 2004.
  3. Segundo o informe Hope Simpson de Outubro de 1930, a estimativa da população da Palestina, baseada no censo de 23 de Outubro de 1922, era de 486 177 muçulmanos (75%), 83,790 judeus (13%), 71,464 cristãos (11%) e 7617 de outras religiões (1%). Ver Apêndice 4 Arquivado em 28 de maio de 2015, no Wayback Machine. do relatório, p. 7.
  4. «Ministerio israelí de Absorción e Inmigración, Quinta Aliá (1929-1939)» 

Ligações externas