Ludgero Eugénio Pinto Basto

Ludgero Pinto Basto com 48 anos.
Membro do Comité Central do Partido Comunista Português
Dados pessoais
Nascimento 13 de Janeiro de 1909
Lixa
Morte 23 de Maio de 2005
Lisboa
Nacionalidade Portugal Portugal
Partido Partido Comunista Português
Ocupação Médico

Ludgero Eugénio Pinto Basto (Lixa, 13 de Janeiro de 1909 - Lisboa, 23 de Maio de 2005) foi médico, político revolucionário comunista e ativista cívico português.

Biografia

Fez a instrução primária na Escola da terra. Recomeçou os estudos no Porto e completou o 3º ciclo liceal em 1928. Iniciou-se na Maçonaria (Grande Oriente Lusitano Unido) que foi para ele uma desilusão. Fez os Preparatórios de Medicina em 1929 na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Transferiu-se para a Faculdade de Medicina de Lisboa onde concluiu a licenciatura em 1934.
Em Lisboa aderiu à loja maçónica “Rebeldia” que organizou, em 1931, uma greve académica de apoio à Revolta da Madeira (4 de Abril a 2 de Maio). Afastou-se da Maçonaria e aproximou-se do Partido Comunista Português (PCP).

A 25 de abril de 2004, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.[1]

Militância no Partido Comunista Português

Aderiu ao PCP e integrou e dirigiu o Comité Regional de Lisboa em 1932. Foi comissário do PCP à organização da greve insurreccional de 18 de Janeiro (1934). Entrou na clandestinidade em Julho de 1934. Passou a pertencer ao Comité Central do PCP em Abril de 1936. Foi comissário do Comité Central na articulação directa com os marinheiros da sublevação da ORA (Organização Revolucionária da Armada) de 8 de Setembro (1936).[2]

Missões internacionais

Em Março de 1937 foi a Espanha em missão específica relacionada com a coordenação das ligações do Partido com o exterior. Regressou a Portugal. Em Maio de 1937 foi a Paris juntamente com Alberto Araújo, membro do Secretariado, em missão relacionada com as ligações externas do Partido. Em Paris, na sede de um sindicato operário, fez inspecções médicas aos candidatos que queriam ingressar nas Brigadas Internacionais. Foi para Espanha (Guerra Civil) onde esteve de Setembro de 1937 a Fevereiro de 1938, como delegado do PCP. Regressou a Lisboa em Março de 1938, passando por Paris, e passou a trabalhar junto do Secretariado. Colaborou na preparação da fuga de Francisco de Paula Oliveira do Aljube. A partir de Abril de 1939 integrou formalmente o triunvirato do Secretariado, com Cunhal e Francisco Miguel.

Preso Político

Foi preso a 1 de Dezembro de 1939 pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Da prisão do Aljube foi para a Prisão de Caxias. A 29 de Fevereiro de 1940, na prisão, legalizou o seu casamento com a companheira Brízida. Foi julgado em 18 de Maio de 1940. Foi deportado para Angra em 24 de Fevereiro de 1941. Esteve preso no Forte (ou Castelo) de São Sebastião (“Castelinho”) de Angra do Heroísmo [por já ter sido desactivada a anterior prisão política, o Forte (ou Castelo) de São João Baptista (ex-São Filipe). Regressou a Lisboa a 1 de Fevereiro de 1943 para ser libertado, depois de ter cumprido uma pena de 38 meses de prisão, incluindo 2 anos de deportação. Em liberdade continuou o trabalho partidário, na ilegalidade, mas já não na clandestinidade.[3]

Trabalho Médico

Trabalhou como Assistente voluntário no Serviço do Prof. Pulido Valente, mas só pôde fazer o Internato Geral dos Hospitais Civis de Lisboa (HCL) nos anos 1944/46 e o Internato Complementar nos anos 1946/48. Continuou a trabalhar nos mesmos Hospitais, como Interno contratado, até 1956, data em que foi nomeado Assistente desses Hospitais, depois de ter sido aprovado em concurso de provas públicas. Foi pioneiro da Endocrinologia em Portugal (com Iriarte Peixoto e Eurico Paes).[4] Em 1952 criou o Serviço de Endocrinologia do Hospital do Ultramar e foi Director desse Serviço enquanto esteve nesse hospital, até 1957.
Trabalhou 22 anos no Hospital de Santa Marta (Serviço 1 - Medicina: Dr. Carlos George) até 1979, data da sua aposentação. Manteve a Consulta de Endocrinologia, pro-bonu, depois de reformado.
1943: Participou na fundação do MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista). 1945: Participou na organização das listas da oposição às eleições legislativas. 1949: Participou na campanha eleitoral de Norton de Matos para a Presidência da República.
Em 1957 foi nomeado Director-adjunto do Banco do Hospital de São José,[5] quando esta direcção passou a ter um adjunto médico e um adjunto cirurgião (Leopoldo Laires).
1958: Participou na campanha de Arlindo Vicente e, depois, na de Humberto Delgado.
Foi eleito para o Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Médicos para o triénio de 1959-1961. Foi Tesoureiro da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) na Direcção eleita em 9 de Dezembro de 1960 (Presidente: Prof. Cerqueira Gomes). Foi sócio da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais.
1961: Fez ligação dos militares do golpe (Abrilada) de Botelho Moniz e o PCP. Não se opõe ao assalto ao quartel de Beja, mas não participa, em 31 de Dezembro. 1962: Fracassado o golpe de Beja, interveio, como um dos directores dos Hospitais Civis de Lisboa, para ajudar os feridos, nomeadamente o Coronel Varela Gomes. No Outono de 1968, por convite do Instituto Cubano de Amistad con los Pueblos (ICAP), esteve de visita a Cuba.
Foi novamente Director-adjunto do Banco do Hospital de São José em 1968/1969 (com o cirurgião Sérgio Sabido Ferreira). Fez parte da Assembleia Geral da Ordem dos Médicos, como representante do Conselho Regional de Lisboa. Foi médico da Caixa de Previdência do porto de Lisboa.

Depois do 25 de Abril, foi eleito para a Comissão Provisória de Gestão dos HCL (Hospitais Civis de Lisboa) e desempenhou funções no Conselho Pedagógico e na Comissão Instaladora do ensino pré-graduado nos mesmos HCL. Colaborou com a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres (atualmente Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal). Foi membro da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia. Em Novembro de 1986 participou, como orador convidado, na sessão de homenagem póstuma a Carlos George promovida pela Sociedade Médica dos Hospitais Civis de Lisboa, na evocação do médico, organizador e humanista.
Escreveu vários artigos científicos, em diferentes revistas, nomeadamente Boletim de Endocrinologia e Clínica, Amatus Lusitanus (Revista de Medicina e Cirurgia, Lisboa), Revista Luso-Espanhola de Endocrinologia e Nutrição, Medicina Moderna, entre outras.[6]
Em 1983 foi eleito para os corpos sociais da URAP.
Exerceu medicina privada até aos 92 anos.
Faleceu em 23 de Maio de 2005, deixando 3 filhos e 6 netos.
Por coincidência, a Terramar editou o livro "Bukharine, minha paixão", que traduziu a partir da edição francesa, precisamente no dia do seu falecimento.

Artigos publicados

Em colaboração

Traduções


Fotografias

Fontes

Referências

  1. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Ludgero Eugénio Pinto Basto". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de março de 2021 
  2. Jornal Público (17 de novembro de 2019). «A história surpreendente de um PCP desconhecido». publico.pt. Consultado em 13 de fevereiro de 2021 
  3. "Enciclopédia Luso-Brasileira", p. 95.
  4. "Sociedade Portuguesa de Medicina Interna: http://www.spmi.pt/revista/vol01/eng_vol1_n1_1994_49_51.pdf"
  5. "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", p. 863.
  6. "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", p. 864.