Marc Ferrez
Marc Ferrez
Autorretrato em 1876
Nascimento 7 de dezembro de 1843
Rio de Janeiro
Morte 12 de janeiro de 1922 (78 anos)
Rio do Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Alexandrine Caroline Chevalier
Pai: Zéphyrin Ferrez
Ocupação fotógrafo
Assinatura
Marc Ferrez de perfil. Fotografia sob guarda do Arquivo Nacional

Marc Ferrez (Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1843Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1923) foi um fotógrafo brasileiro de origem francesa. Atuou durante o Império e as primeiras décadas da República, mais precisamente entre os anos de 1860 e 1922, tendo construído um dos mais importantes legados visuais sobre o Brasil nesse período.

Suas obras retratam diversos aspectos da vida brasileira, com ênfase nos processos de modernização urbana e da infraestrutura, que aconteceram no país entre as décadas de 1870 e 1920. Embora tenha fotografado paisagens urbanas e rurais por quase todo o país, Ferrez tornou-se célebre pelos panoramas e vistas da cidade do Rio de Janeiro. Suas fotos da então capital do país retratam, entre outros, locais como a Ilha das Cobras, a floresta da Tijuca, o Corcovado, a praia de Botafogo e o Jardim Botânico .

Juntamente com o fotógrafo alagoano Augusto Malta, registrou imagens das transformações decorrentes da reurbanização empreendida pelo prefeito do Rio, Francisco Pereira Passos, no início do século XX. O principal resultado desse registro foi o álbum Avenida Central: 8 de março de 1903 – 15 de novembro de 1906.

Além de fotógrafo, foi comerciante de equipamentos e materiais fotográficos, mantendo o estabelecimento comercial Casa Marc Ferrez. A partir de 1905, juntamente com os filhos Julio e Luciano Ferrez, dedicou-se aos negócios em torno do cinema, tornando-se dono do Cinema Pathé e distribuidor de filmes e equipamentos cinematográficos.

História

Fotografia da Baía da Guanabara, por Marc Ferrez

Era filho de Alexandrine Caroline Chevalier e de Zéphyrin Ferrez, gravador de medalhas e escultor vindo como membro da Missão Artística Francesa e sobrinho de Marc Ferrez, também integrante da mesma missão, de quem recebeu o nome. Era o mais jovem da família que contava com mais quatro irmãs e um irmão, ficou órfão de ambos os pais aos sete anos. Após isso, foi mandado para a França, onde estudou até a adolescência, e retornou ao Brasil.

Quando retornou passou a trabalhar na casa Leuzinger, uma papelaria e tipografia que tinha uma seção de fotografia, onde aprendeu técnicas fotográficas com o alemão Franz Keller. Aos 21 anos abriu a firma Marc Ferrez & Cia., um estúdio fotográfico que o colocou entre os principais profissionais da Corte.

A despeito de a produção de retratos ser mais rentável e escolhida pelos demais fotógrafos da Corte ele preferia fazer fotos de paisagens do Brasil. Preocupava-se também em aprimorar seu ofício e, por este motivo, interessava-se pela física e pela química, procurando estar sempre a par das últimas novidades técnicas e importando equipamentos da Europa.

Em 1873, um incêndio destruiu sua loja, que também lhe servia de residência. Ferrez parte então para a Europa, a fim de readquirir materiais e equipamentos necessários a exercer seu ofício. Retornando ao Brasil, em 1875, integra-se, como fotógrafo, à Comissão Geológica do Império do Brasil, que era chefiada pelo geólogo e geógrafo canadense Charles Frederick Hartt. Ferrez foi o primeiro a fotografar os índios botocudos, na selva no sul da Bahia.

Retornando da expedição, passa a viajar e fotografar as principais cidades brasileiras, com destaque para a capital do país.

Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, sendo premiado com medalhas de ouro em Filadélfia (1876) e Paris (1878). Aos 41 anos, foi ordenado cavaleiro da Ordem da Rosa por D. Pedro II.

Cronologia

Durante a viagem a Paris, recebe do Institut de France a honra de entregar duas medalhas executadas por Alphée Dubois ao imperador D. Pedro II
Registra o interior da Exposição Camoneana, realizada na Biblioteca Pública do Rio de Janeiro. Uma dessas imagens foi oferecida à Biblioteca Nacional pelo imperador
Túnel da Mantiqueira na sua inauguração, por Marc Ferrez
A serviço da Estrada de Ferro D. Pedro II, viaja para São Paulo e Minas Gerais, a fim de registrar as obras de ampliação da ferrovia The Minas and Rio Railway Company e a presença do imperador e sua comitiva na entrada do túnel da Mantiqueira
A mesma Casa Leuzinger edita o álbum ilustrado com fotografias de Ferrez, intitulado Estrada de Ferro Minas and Rio - Brazil, com fotografias da estrada de ferro The Minas and Rio Railway Company
Em 7 de março, é agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa pelo imperador, de quem, no mesmo ano, havia executado fotografias no gabinete particular do imperador, localizado no Palácio de São Cristóvão
Depois uma década documentando as obras dirigidas pelo engenheiro Francisco de Paula Bicalho (1847 - 1919) para a melhoria do abastecimento de água do Rio de Janeiro, edita um álbum intitulado Obras do novo abastecimento de água, encadernado pela Casa Leuzinger, contendo reproduções das imagens fotográficas das obras
Ainda nesse ano, registra os festejos de Aniversário da Proclamação da República.
Nesse ano, Ferrez realiza experiências com luz oxietérica e raios X em seu laboratório, junto com o cientista Henrique Morize (1860 - 1930), diretor do Observatório Nacional
É desse ano a série de fotografias em que registra diversos tipos de ofícios urbanos, tais como: garrafeiro, verdureiro, cesteiro, quitandeiro, funileiro, vassoureiro, jornaleiro e amolador de facas
Em 17 de novembro de 1907, inaugura o Cine Pathé, em sociedade com Arnaldo Gomes de Souza, em prédios arrendados na Avenida Central, números 145 e 149. Ainda nesse ano, a Casa Marc Ferrez & Filhos torna-se distribuidora de grande parte dos filmes exibidos nas diversas salas de cinema do Rio de Janeiro
Ainda nesse ano, uma ressaca na praia do Flamengo inunda a residência de Ferrez, situada na rua Dois de Dezembro nº 23, e destrói todo o estoque de exemplares do álbum Avenida Central: 8 de março de 1903 - 15 de novembro de 1906

Trabalho

Marc Ferrez foi o único profissional de fotografia que recebeu o título de "Photographo da Marinha Imperial", em 1880.

Ele trouxe diversas inovações tecnológicas, entre elas, introduziu no mercado as primeiras chapas secas dos irmãos Lumière, foi o primeiro a utilizar o flash de magnésio, que usou para fotografar as minas da região de Morro Velho em Minas Gerais, produziu as maiores chapas coloidais panorâmicas do mundo, com 40 cm por 120 cm, retratando paisagens brasileiras, em 1881.

Apesar de adotar mais a temática da paisagem, foi também um importante retratista, incluindo aí, fotos dos membros da família imperial brasileira, pois em 1886, realizou uma série de retratos da Princesa Isabel no Palácio das Laranjeiras.

Entre as suas publicações se encontra o Álbum da Avenida Central, onde retratou a impressionante construção da atual Avenida Rio Branco, na época chamada "Avenida Central" no Rio de Janeiro, entre 1903 e 1906.

Marc Ferrez estendeu seu interesse também ao cinema e abriu, em 1907, o cinema Pathé, na cidade do Rio de Janeiro.

Seu acervo, adquirido em 1998 pelo Instituto Moreira Salles (IMS), do seu neto, o historiador Gilberto Ferrez, soma mais de 5.500 imagens, sendo quatro mil negativos originais de vidro. Desde então, o IMS passou a organizar um trabalho de recuperação e pesquisa, cuja mostra, "O Brasil de Marc Ferrez - Fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles", reúne grande parte de sua obra (350 imagens, entre fotografias e originais) e foi apresentada ao público do Rio de Janeiro e no Museu Carnavalet, em Paris (França), no ano de 2005.[1] Esta mostra também foi apresentada nas cidades de Poços de Caldas, Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte.

Referências

  1. O rigor de Marc Ferrez, História Viva, nº 40, páginas 12 e 13, fevereiro de 2007>

Ligações externas

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