Nada a Perder: Contra Tudo. Por Todos. | |||||
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![]() 2018 • cor • 130 min | |||||
Gênero | drama biográfico | ||||
Direção | Alexandre Avancini | ||||
Produção | Paris Filmes Record Filmes | ||||
Roteiro | Stephen P. Lindsey Emílio Boechat[1] | ||||
Elenco | Petrônio Gontijo Day Mesquita Beth Goulart Dalton Vigh André Gonçalves Eduardo Galvão Marcello Airoldi | ||||
Diretor de fotografia | Pedro Cardillo[2] | ||||
Direção de arte | Frederico Pinto | ||||
Distribuição | Paris Filmes | ||||
Lançamento | ![]() ![]() | ||||
Idioma | português | ||||
Orçamento | R$ 16 milhões[5] | ||||
Cronologia | |||||
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Nada a Perder: Contra Tudo. Por Todos. é um filme biográfico brasileiro de drama sobre a trajetória do bispo evangélico, escritor e empresário Edir Macedo. Foi dirigido por Alexandre Avancini e roteirizado por Stephen P. Lindsay e Emílio Boechat.[1][6]
É baseado na trilogia homônima Nada a Perder e no livro O Bispo: A História Revelada de Edir Macedo, de Douglas Tavolaro. É estrelado por Petrônio Gontijo, interpretando o protagonista, Day Mesquita interpretando sua esposa Ester Bezerra e Beth Goulart interpretando a mãe Dona Geninha. É também a primeira representação de Silvio Santos no cinema. A sequência — Nada a Perder 2 — foi lançada em 15 de agosto de 2019.[7]
A primeira parte do filme conta a trajetória do bispo evangélico Edir Macedo, a partir da infância, fundação da Igreja Universal do Reino de Deus, compra da TV Record, até o momento de sua prisão por charlatanismo. A história do país nos anos 60, 70, 80 e 90 é pano de fundo para a trajetória de Edir Macedo, sempre cercada de momentos turbulentos e controversos.[8][9]
As filmagens do filme começaram em maio de 2017 em São Paulo.[10] No papel de Edir, Petrônio Gontijo vive seu primeiro protagonista no cinema. Na caracterização, o ator precisou usar uma prótese nas mãos para retratar a deficiência física das mãos de Edir Macedo: "Nas cenas em que eu precisava usar as mãos, eu tive que treinar muito, reaprender a pegar objetos, como copos e xícaras, reaprender a escrever sem o auxílio dos polegares”, afirma Gontijo. Sobre a maquiagem e envelhecimento, Emi Sato, profissional responsável pela caracterização disse: "Algumas maquiagens demoraram cerca de 6 horas, como no caso do ator Marcello Airoldi (que fez Henrique, o pai do bispo Edir Macedo). A Beth Goulart, que interpreta a mãe do bispo, ficou cerca de 4 horas na maquiagem”, relatou. Para a segunda parte do longa, Petrônio optou por raspar a cabeça ao invés de prótese como parte da caracterização.[11] Veículos antigos ajudaram a recriar o clima de época dos anos 60 aos 90 em cenas externas. Nas gravações, foram usados mil carros antigos, entre eles um Chevrolet 1941 e um Cadillac 1954. Já um Fusca vermelho de 1954 representou o carro de Edir Macedo.[12]
Durante seis meses uma equipe de preparação trabalhou com Petrônio e Day Mesquita. O protagonista passou por uma reeducação corporal onde emagreceu e mudou o modo de se portar e andar. Os próprios livros, fotos e materiais em vídeo de Edir Macedo foram também estudados. Um encontro com Macedo também ocorreu durante esse processo. Questionado sobre como montou o personagem, Petrônio disse que recebeu conselhos do próprio religioso: "Eu me lembro dele falando "só uma coisa: eu sou um homem revoltado, ponha essa firmeza lá (no filme)". Este foi seu único pedido. Fora isso tive muita liberdade", revelou Petrônio. Os protagonistas revelaram que fizeram cerca de 12 a 14 horas de filmagens por dia. As filmagens também ocorreram no Rio de Janeiro, Nova York, Jerusalém e Joanesburgo.[13][14][15]
No dia 4 de fevereiro foi divulgado o trailer do filme.[16] Para a divulgação, a Record produziu uma série especial para o Jornal da Record, além de diversas reportagens para o Domingo Espetacular. Na época, o plano previa a exibição de 16 chamadas diárias até o dia do lançamento.[17] A Paris Filmes comprou espaços comerciais na Rede Globo para anunciar o filme, sendo a primeira vez que a emissora anuncia produtos ligados à Igreja Universal.[18] Em setembro de 2017, foi divulgado que a Netflix comprou os direitos de exibição do filme. A empresa pagou o maior preço já pago por um filme de língua não inglesa.[19] Nada a Perder entrou na plataforma no dia 29 de junho de 2018, estando disponível nos 190 territórios onde a Netflix está presente.[20][21]
A música "Marcas da Vida" do cantor Pr. Lucas, é a música tema do filme exibida nos créditos finais.[22] Uma orquestra com 60 músicos foi contratada para produzir a trilha sonora do longa, composta e regida por Otavio de Moraes.[23]
Ator/Atriz | Personagem |
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Petrônio Gontijo | Edir Macedo |
Day Mesquita | Ester Bezerra |
Beth Goulart | Eugênia Macedo (Geninha) |
Dalton Vigh | Juiz Ramos |
André Gonçalves | R. R. Soares |
Eduardo Galvão | Monsenhor José Maria |
Marcello Airoldi | Henrique |
José Victor Pires | Edir Macedo (jovem) |
Giovanna Chaves | Cristiane Cardoso |
Rafael Gevú | Renato Cardoso |
Raphael Viana | Evandro |
Otávio Martins | Ministro Francisco Bittencourt |
Greta Antoine | Elcy |
Paulo Coronato | Bernadino |
André Garolli | Delegado Leo |
André Bicudo | Silvio Santos |
Kathia Calil | Maria Eduarda |
Camila Czerkes | Madalena |
Larissa Ferrera | Edna |
Leonardo Franco | Albino |
Ana Elisa Mattos | Lucia |
César Mello | Paulo |
Pedro Henrique Moutinho | Policial Silva |
Joana Rodrigues | Viviane Freitas |
Enzo Barone | Edir Macedo (criança) |
A rede de cinema Cinemark disponibilizou a pré-venda dos ingressos para o filme em 2 de fevereiro de 2018.[24] No final do mês, a pré-venda já ultrapassava os 2 milhões de ingressos vendidos[25] e em março já havia chegado aos 3.1 milhões, se tornando a maior bilheteria do ano antes de seu lançamento, superando Os Dez Mandamentos, outra produção da Paris Filmes com a Record.[26] O site UOL citou esse impulso na compra de ingressos devido a um sorteio promovido pela Cinemark de uma viagem a Israel e mais dez viagens para visitar o Templo de Salomão, em São Paulo.[27]
Perto de sua estreia, a pré-venda já tinha vendido mais de 4 milhões. O jornal O Globo chegou a consultar as principais redes de cinema para saber se fizeram acordo com a Igreja Universal na venda de ingressos, trazendo em perspectiva uma possível repetição do que aconteceu com o lançamento do filme Os Dez Mandamentos, recordista em vendas de ingressos mas registrando salas vazias. A Kinoplex confirmou ter vendido pacotes de ingressos para pastores e grupos a partir de cem pessoas, onde todos pagam meia entrada. Em resposta, a IURD emitiu comunicado afirmando que estimulou o público a assistir o filme, mas negou que pagou por ingressos, criticando a imprensa e a chamando de "rancorosa e preconceituosa".[28]
Nada a Perder estreou na liderança em sua primeira semana de exibição, com 2.186.065 entradas comercializadas e a quinta maior estreia nacional do ano, inferior aos números da pré-venda, e arrecadando 25.8 milhões de reais.[29][30] No entanto, registros feitos no dia do lançamento mostravam salas vazias ou com menos da capacidade. Uma reportagem do O Globo relatou que alguns espectadores afirmaram que os ingressos estavam sendo distribuídos pela IURD. A comunicação social da IURD chamou de "vergonhosa a acusação" de que teria comprado ingressos, reiterando em nota publicada em seu portal oficial, além de classificar como mentira uma tentativa "da mídia, os produtores e promotores de fake news" de "espalhar que o êxito do filme foi manipulado".[31]
Mauricio Stycer, em seu blog no UOL, relatou os lugares vazios e a distribuição de ingressos na estreia de Nada a Perder. Destacou ainda que fieis traziam consigo um lencinho com uma prece — uma passagem de Atos 19:11-12 —, que foi mencionado no final do filme numa aparição de Edir Macedo pedindo para que as pessoas da sessão usassem e levassem o lenço para uma Igreja Universal, prosseguindo a exibição com a cena final. A participação do bispo não havia sido mostrada na pré-estreia. Todos esses elementos foram considerados pelo jornalista "mistérios de Nada a Perder", por não ter recebido resposta oficial da assessoria da igreja.[32] O jornal Folha de S. Paulo relatou também que alunos de escolas públicas eram levados em excursões para assistir Nada a Perder em horário de aula por pessoas e organizações ligadas a Igreja Universal.[33] Em 4 de maio de 2018 o filme tornou-se o maior filme nacional de bilheteria de todos os tempos com 11.285.248 ingressos vendidos, superando Os Dez Mandamentos.[34] Nada a Perder teve arrecadação final de 120 milhões de reais, sendo também a maior arrecadação do cinema nacional. O longa manteve o recorde até janeiro de 2020 quando Minha Mãe É uma Peça 3 arrecadou 137.9 milhões de reais.[35]
O filme foi considerado por alguns como uma ficção, por deixar de fora as polêmicas envolvendo Edir Macedo, retratando o bispo como um tipo fantasioso de herói.[36] André Miranda, do jornal O Globo, criticou o uso do líder religioso como personagem de ficção, classificando como "raso". Ele nota a construção da imagem perfeita de Edir Macedo — visto como herói, deixando de lado todas as polêmicas — e alia isso ao filme como "um vídeo de campanha política que serve para atrair votos". Miranda também destaca a aparição do próprio bispo, ao final do filme, realizando uma oração, descrevendo o momento "como se ele próprio se autodenominasse herói, santo, mártir, redentor, uma espécie de messias que enfrentou todas as dificuldades em nome de ajudar as pessoas".[37] O jornalista Maurício Stycer elogiou a produção e a reconstituição dos anos 1970 e 80, além do desempenho de Petrônio Gontijo como protagonista. Ressaltando o subtítulo do filme, Stycer afirma que ele "reproduz de forma apropriada o tema principal do filme – as dificuldades e agruras de Macedo em toda a sua vida". Stycer também notou a falta de menções à Rede Globo, emissora que Edir já chegou a citar na biografia O Bispo (2007) como sua "inimiga". Ele menciona o fato da Paris Filmes ter comprado espaços comerciais na emissora para promover o filme.[38] Stycer também citou o crítico de cinema Roberto Sadovski, que chamou Nada a Perder de "peça de propaganda da Universal".[39]
No site Internet Movie Database (IMDb), o filme estreou com nota 10, com base em 14.468 avaliações de usuários computados pelo UOL em 5 de abril de 2018, enquanto que 266 usuários deram nota 1.[40] Em 8 de abril, a Record destacou em reportagem o desempenho do filme no IMDb, comparando com as avaliações de filmes reconhecidos como O Poderoso Chefão, Um Sonho de Liberdade e A Forma da Água, este último premiado como Melhor Filme na premiação do Oscar em 2018, que obtiveram nota inferior ao longa brasileiro. Logo após a exibição da reportagem, Mauricio Stycer relatou denúncias de internautas que afirmavam que várias avaliações eram falsas e que estariam sendo aplicadas por robôs. Com isso, a nota começou a cair (naquele momento, 15 mil usuários já haviam dado nota 10 ao filme).[41] Em maio, Nada a Perder foi citado na lista dos cem piores filmes pelo IMDb, com uma nota de 2.4 atribuída pelos críticos do site.[42]
Para dar oportunidade às pessoas que estão em bairros ou cidades do Brasil onde não há acesso ao cinema, foi preparado um ônibus que levou o filme desde territórios indígenas até presídios urbanos. A estrutura montada permite que elas vejam a produção com a mesma qualidade do cinema tradicional. É a primeira vez na história do cinema nacional que um longa-metragem é exibido nos cinemas e ao mesmo tempo, em outros locais. Segundo informações do Portal R7, só no mês de abril foram 146 eventos.[43]