Orestes Barbosa | |
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Nome completo | Orestes Dias Barbosa |
Nascimento | 7 de maio de 1893 Rio de Janeiro, RJ |
Morte | 15 de agosto de 1966 (73 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | Compositor, poeta, escrito, jornalista |
Magnum opus | Chão de estrelas (1965) |
Assinatura | |
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Orestes Barbosa (Rio de Janeiro, 7 de maio de 1893 - 15 de agosto de 1966) foi um compositor, jornalista, cronista e poeta brasileiro.[1]
Nascido na classe média, filho do major Caetano Lourenço da Silveira Barbosa e de Maria Angélica Bragança Dias Barbosa.
Foi nas calçadas, em cabeçalhos e manchetes de jornais, que aprendeu a ler. Iniciou sua carreira como revisor, em 1911, Em 1912 transferiu-se para o Diário de Notícias, jornal em que Rui Barbosa era mentor político, onde estreou como repórter. Por causa de seu primeiro artigo, As Palhaçadas do Gabinete (2 de junho de 1912), foi impedido de entrar no Ministério da Guerra durante a presidência Hermes da Fonseca.
Em 1914 esteve n' A Gazeta de Notícias sob a direção de João do Rio. Este e Lima Barreto foram suas mais nítidas influências. Para O Século, de Brício Filho, entrevistou, naquele ano, Dilermando de Assis, o homem que matou Euclides da Cunha. Em 1915, no mesmo vespertino, registrou sua conversa com João Cândido, herói da Revolta da Chibata, e traçou, ao cobrir a agitação das alunas da Escola Normal, o primeiro perfil biográfico de Cecília Meireles, aos 13 anos. Projetou-se em definitivo em A Folha, periódico fundado, em 1919, por Medeiros e Albuquerque em oposição ao Governo Epitácio Pessoa. Preso, em 1921, por duas vezes, devido a processos de injúria, fez-se cronista dos encarcerados. Este tornou-se um de seus principais assuntos e deu-lhe o primeiro livro de prosa: Na Prisão, de 1922. No ano seguinte, 1923, publicou Ban-ban-ban!, sobre o mundo do crime e da malandragem. Nesta década de 1920, com estilo próprio de frases e parágrafos breves, pelas páginas de A Manhã, A Notícia e Crítica, fez-se o mais importante cronista da cidade do Rio de Janeiro.
Penumbra Sagrada, volume de estreia em versos, apareceu em 1917, com produções de uma escola poética surgida na esteira do simbolismo, o penumbrismo, como confirma seu título. "Uma estética de cores suaves, movimentação serena, atmosfera contemplativa". A este seguiu-se Água-marinha, em 1921, com poemas de mesmo estilo.
Como poeta da canção, estreou em 1927, no teatro, ao escrever duas letras para Ouro de Moscou, revista sua e do jornalista Martins Reys, com música do maestro Francisco de Assis Pacheco: Coração de Carmim e Flor do Asfalto. Em 1930, Bangalô, cançoneta com melodia de Osvaldo Santiago, interpretada por Alvinho, integrante do Bando de Tangarás, inaugurou sua carreira em disco. Mas, somente após a Revolução de 24 de Outubro - com o empastelamento dos dois jornais em que colaborava, Crítica e A Notícia, e o fechamento do Conselho Municipal, seu emprego público -, atrás de ocupação e dinheiro, ele se encontrou definitivamente com a música popular.
Na coluna Rádio, pelas páginas de A Hora, desde a fundação em 6 de julho de 1933, promoveu intensa divulgação da música popular. Jurado do primeiro concurso de Escolas de Samba na Praça Onze, em 1932, entrevistou para a seção, além de Francisco Alves, Mário Reis e Noel Rosa, Cartola, líder da Estação Primeira de Mangueira, e Baiaco, do Estácio de Sá. Ainda em 1933, já em Avante!, entrevistaria Wilson Batista e outros sambistas. O livro Samba – sua História, seus Poetas, seus Músicos, seus Cantores – que inaugura, ao lado de Na Roda do Samba, de Francisco Guimarães, a historiografia do mais importante gênero musical brasileiro – nasceu das campanhas jornalísticas em A Hora e tem como epígrafe uma frase atribuída ao grego Ésquilo: "Eu e o tempo contra todos".
Embora parceiro de muitos compositores, entre os quais Noel Rosa (Positivismo) e Custódio Mesquita (Flauta, Cavaquinho e Violão), em música criou suas melhores obras ao lado de Jota Tomás, Francisco Alves e Silvio Caldas. Com o primeiro, conheceu o primeiro sucesso com Flor do Asfalto (segunda deste título); com o segundo, entrou para o repertório seresteiro com Meu Companheiro, A Mulher que Ficou na Taça, Dona da Minha Vontade e Por Teu Amor. Sobre Chão de Estrelas, sua obra-prima, parceria com o terceiro, com quem compôs ainda Serenata, Arranha-céu e Suburbana, escreveu o poeta Manuel Bandeira:
"Se se fizesse aqui um concurso, como fizeram na França, para apurar qual o verso mais bonito da nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes em que ele diz: "Tu pisavas os astros distraída...". (Orestes, Jornal do Brasil, 18 de janeiro de 1956)
Seu biógrafo, Carlos Didier, define assim sua técnica em versos musicados:
"Do ponto de vista estético, as canções de Orestes Barbosa incorporam as artes do poeta lírico e do cronista da cidade. São uma solução para o conflito entre o homem emocional e o combativo". "Do romantismo de Castro Alves, o estilo de Orestes Barbosa trouxe o gosto pela poesia do coração. Dos parnasianos, buscou o rigor formal: a rima obrigatória, a métrica de redondilhas e decassílabos e as estrofes regulares. Dos simbolistas, a inclinação de revelar aquilo que a alma tem de inconsciente. De suas próprias experiências como cronista da cidade e como repórter de polícia, o letrista herdou o interesse pelos costumes urbanos: o lirismo de suas canções se ambienta em cenários de cabarés, cassinos e apartamentos, em meio a anúncios luminosos, mantôs grenás e taças de champanhe. De Olavo Bilac, Orestes Barbosa possui, ainda, a sensualidade, marca mais forte do poeta da Via-Láctea".