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Bandeira Internacional da Comunidade Ursina.

Urso é uma subcultura da comunidade gay com eventos, códigos e identidade específica. Urso também é uma descrição de um tipo físico de homens.

O conceito de urso é tipicamente atribuído a homens com corpo peludo e barba. Alguns projetam uma imagem masculina de aparência bruta, porém nada disso é requisito ou indicadores únicos. Um urso funciona como uma identidade, uma inscrição e até um estilo de vida, e ainda existem debates nas comunidades ursinas sobre o que constitui um urso. Há ainda aceitação maior de tatuagens e piercing nas comunidades ursinas, entretanto, a questão principal da comunidade ursina reside na aceitação corporal em oposição aos ideais de beleza (homens magros e sem pelos) difundidos pela comunidade gay mainstream que incorporou em vários aspectos os ideais da cultura heteronormativa.

Origens

Urso é uma referência metafórica, na comunidade gay, ao animal do mesmo nome com notáveis características semelhantes. Dizem que esta análise deve seu inicio à uma publicação feita por George Mazzei à uma revista LGBT americana, The Advocate, em 1979.[1] No artigo, intitulado "Quem é quem no Zoológico?",[2] o autor relaciona o homem a diversos animais, incluindo o Urso. O urso é gordo, peludo, musculoso e destemido, e da conciliação destas qualidades surge o cerne do conceito de Urso.

Não é coincidência que ursos são normalmente muito semelhantes à aparência do ideal do norte-americano de lenhador. Lenhadores frequentemente encontram ursos e os dois sempre foram associados entre si. Um conflito romântico das imagens do urso e do lenhador fornece seu recurso metafórico. Lenhadores foram romantizados na cultura gay muito antes da chegada do conceito de Urso, e o conceito de Urso mantém fortes os traços desse ideal mais antigo. Os homens gay recorrem ao lenhador ao seu nível estético, mas também pela razão de sua homossocialidade. Por serem uma classe operária, e por seu isolamento da sociedade urbana (e, consequentemente, da cultura gay principal) despertou uma fantasia de segredo e libertação, com uma definição norte-americana bucólica e rural.[3][4]

A auto-identificação dos gays como os ursos surgiu em São Francisco na década de 1980 como uma vertente do gay motociclista e depois o couro e comunidades "girth and mirth" (Cintura e alegria, uma outra subcultura da comunidade gay de gordos e obesos [5]). Ela foi criada por homens que sentiram que a cultura gay principal não aceitava muito bem homens que não se enquadravam no estereótipo twink (jovem e sem pelos). Além disso, muitos homens gays na América rural nunca se identificaram com o estilo de vida urbano estereotipado, e foram à procura de uma alternativa que mais se semelhante à imagem americana de homem trabalhador.

Jack Radcliffe, ator pornô urso.

Richard Bulger, editor, e seu parceiro, Chris Nelson, deram início a revista Bear Magazine[6] - que originalmente era um panfleto fotocopiado - em seu apartamento em São Francisco em 1987. Por um período de cinco anos, a revista cresceu a uma distribuição internacional em formato envernizado, mas intencionalmente mantendo o visual da fotografia preto e branco. Sua companhia, Brush Creek Media Inc., obteve o registro do nome "Bear" para a revista masculina em 1991. Homens barbados, rurais e de classe operária eram idolatrados na revista.

A subcultura ursina passou a fazer uso da Internet. Homens gays que não se sentiam bem-vindos nos encontros gays locais (ou aqueles que só queriam uma ligação rápida) encontraram acesso fácil e aceitação de pessoas semelhantes online. Esses homens se tornaram os primeiros adeptos de comunidades ursinas.

A comunidade de Ursos se espalhou por todo o mundo, com clubes de Ursos em muitos países. Clubes de Ursos muitas vezes servem como redes sociais e sexuais dos coroas, dos peludos e dos gordinhos. Seus membros muitas vezes contribuem para as suas comunidades gay locais através de fundos ou outras funções.

A comunidade gay de Ursos constitui um nicho especial de mercado comercial. Oferece camisetas e outros acessórios assim como calendários e filmes pornô e revistas destacando ícones Ursos como, por exemplo, Jack Radcliffe.

Como mais homens gays têm se identificados como Ursos, mais bares têm se tornados receptivos a esse público. Alguns bares atendem especificamente a fregueses Ursos. Como os Ursos se tornaram mais comuns na mais ampla cultura gay, e mais homens gays se identificam como Ursos, os Ursos agora são uma comunidade relevante na ampla comunidade da gay.

No Brasil

O ideal de Urso chegou ao Brasil no final da década de 90, formando seus primeiros clubes na cidade de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife. Hoje a ideia já esta bem difundida em diversos estados brasileiros como uma subcultura do movimento gay.

Os Ursos do Rio de Janeiro foram o primeiro grupo brasileiro a ser fundado e organizar os primeiros encontros entre ursos e simpatizantes, em 1995.

Terminologia

Grupo de ursos na Parada Gay de São Francisco na Califórnia em 2004.

Dentro da definição geral do que é um Urso, que é a mais importante de ser entendida e assumida, foi aparecendo um conjunto de categorias e termos que servem essencialmente para distinguir os Ursos de acordo com o aspecto físico ou com a suas preferências:

Referências

  1. MAZZEI, George (17 de Abril de 2014). «Quando a Advocate inventou os Bears.». ADVOCATE. Consultado em 2 de junho de 2018 
  2. MAZZEI, George (1979). Who's Who in the Zoo?. "The Advocate". [S.l.: s.n.] pp. 42–43 
  3. SURESHA, Ron Jackson (2002). Bears on Bears: Interviews and Discussions. "Bear Ages and Stages". Los Angeles: Alyson Publications. pp. 54–58, 149, 179, 236, 260–262, 294 
  4. SURESHA, Ron (2009). Bears on Bears: Interviews and Discussions. New York: Lethe Press. 83 páginas 
  5. «Girth & Mirth». WIKIPEDIA. 22 de julho de 2017. Consultado em 2 de junho de 2018 
  6. BULGER, Richard. «Bear Magazine». Consultado em 14 de Março de 2017 
  7. KAMPF, Ray (2000). The Bear Handbook: A Comprehensive Guide for Those who are Husky, Hairy, and Homosexual, and Those who Love'em. [S.l.]: Haworth Press. pp. "The Bear Cub: Ursus younges" 
  8. Phd. DECECCO, John. (4 de agosto de 2016). «The Bear Book II: Further Readings in the History and Evolution of a Gay Male Subculture.». Routledge. Consultado em 2 de junho de 2018 
  9. a b KAYE, Richard (4 de fevereiro de 2017). «Bear-y gay». Los Angeles Times. Consultado em 1 de junho de 2018 
  10. GULLIVER, Tanya (29 de Maio de 2002). «Beary feminine». Xtra. Consultado em 2 de junho de 2018