Yvonne Sylvain | |
---|---|
Nascimento | 28 de junho de 1907 Porto Príncipe, Haiti |
Morte | 3 de outubro de 1989 (82 anos) |
Nacionalidade | haitiana |
Alma mater | Universidade do Estado do Haiti Universidade Columbia |
Prêmios | Homenagem póstuma da Associação Médica Haitiana (AMH) (2005) |
Yvonne Sylvain (Porto Príncipe, 28 de junho de 1907 – 3 de outubro de 1989)[1] foi a primeira mulher a tornar-se médica no Haiti.[2] Ela também foi a primeira mulher a ser aceita na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Haiti, formando-se em 1940. Após o final da graduação, ela trabalhou como especialista em ginecologia e obstetrícia no Hospital Geral de Porto Príncipe.[3] Por ser a primeira médica do país, Sylvain desempenhou um importante papel em providenciar acesso aprimorado à saúde aos cidadãos haitianos.[1] Entre outras realizações, Yvonne Sylvain também foi uma das vozes que lutaram pela igualdade física, econômica e social das mulheres do Haiti.[4]
Yvonne Sylvain nasceu em Porto Príncipe e era filha de Eugénie Mallebranche e Georges Sylvain, ativista haitiano e importante figura de resistência à ocupação americana do Haiti. O casal teve ao todo sete filhos, uma deles sendo Suzanne Comhaire-Sylvain, a primeira mulher antropóloga do país.[5]
Muito influenciada por seu pai, ela frequentou a École Normale d'institutrices, na qual formou-se e começou a trabalhar como professora.[6] Aos 28 anos, ela tornou-se a primeira mulher a ser aceita na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Haiti, concluindo seus estudos em 1940.[3] Sylvain recebeu uma bolsa de estudos para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade Columbia.[1] Três anos após seu estágio, ela continuou em Nova Iorque trabalhando e estudando em importantes hospitais.[3]
Sylvain fez inúmeras contribuições à área da saúde no Haiti e inspirou outras haitianas a seguirem seus passos. Em 1953, treze anos após sua formatura, oito mulheres haitianas já possuíam diplomas de medicina e já trabalhavam na área.[7] Na época, a Universidade do Estado do Haiti contava com 241 estudantes de medicina matriculados; destes, dezessete eram mulheres.[7]
Após sua graduação, Sylvain trabalhou por muitos anos no Hospital Geral de Porto Príncipe atuando na área de ginecologia e obstetrícia.[1] A alta taxa de mortalidade no Haiti a inspirou a tornar-se médica; ela investiu seu tempo e habilidades para tratar haitianos com doenças variadas.[1] Sylvain tinha interesse nos problemas de saúde imediatos que assolavam a população haitiana na época: esterilidade, superpopulação e câncer.[8] Ela também se tornou professora da Universidade do Estado do Haiti. Sylvain publicou inúmeros artigos em revistas médicas e continuou a pesquisar sobre os principais e mais letais problemas de saúde que ocorriam no país.[8]
Sylvain tornou-se vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação.[9] Frustrada com os métodos precários de tratamento de câncer do Haiti, ela se tornou inflexível quanto a investir em raios X e outros equipamentos médicos para o diagnóstico da doença,[8] já que desejava que mais avanços médicos chegassem ao Haiti a fim de diminuir o número de pessoas que morriam de câncer.[8] Sylvain fez parte da Liga Haitiana Contra o Câncer e ajudou a introduzir no país o teste de papanicolau, método de prevenção ao câncer cervical.[1] Ela criou um comitê especial que ajudou a arrecadar fundos da França e da diáspora haitiana para um hospital que ela queria construir em Frères, cidade a dez minutos de Pétion-Ville, a fim de fornecer acesso médico a uma comunidade de mais de 100 000 pessoas.[10] Ao mostrar comprometimento com a causa, Sylvain permaneceu no cargo de vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação até a sua morte, aos 82 anos.[9]
Com sua organização melhorando os hospitais haitianos, ela começou a trabalhar com saúde pública, especialmente na área de saúde reprodutiva e pesquisa para a Organização Mundial da Saúde (OMS).[1] Sylvain também levou o seu conhecimento científico a países africanos como Nigéria e Senegal e trabalhou na Costa Rica.
Ela participou ativamente da promoção da cultura haitiana através da arte.[8] Sylvain foi tutorada por Normil Charles e também influenciada por Petion Savain.[11] Ela trabalhou nos campos da arte, pintura, escrita, crítica de arte, teatro e até mesmo animação de rádio,[1] sendo uma importante operadora cultural para sua comunidade.[9] Arte, pintura e teatro eram interesses muito importantes para Yvonne Sylvain durante sua juventude, pois ela estava profundamente inserida em uma comunidade muito cultural.[1] Em 1932, ela havia exibido mais de trinta pinturas à óleo e desenhos.[11] No entanto, o desamparo que sentiu após a morte da sua mãe a inspirou a sua devoção às ciências médicas.[1]
Sylvain também esteve envolvida em movimentos a favor do sufrágio feminino,[2] principalmente na Ligue Féminine d'Action Sociale (Liga Feminina de Ação Social), que ajudou as mulheres haitianas a ganharem o direito ao voto em 1950.[9] Ela também publicou artigos sobre saúde pública no veículo de notícias da Liga, La Voix des Femmes.[12]
A Associação Médica Haitiana (AMH) fez uma homenagem póstuma a Sylvain, a reconhecendo como a primeira médica do país.[13]