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Marc Ferrez: O Corcovado, século XIX

A fotografia apareceu no Brasil nos anos iniciais do Império, remontando à chegada do daguerreótipo ao Rio de Janeiro em 1839, e ao francês Hércules Florence.[1]

Anúncio de serviços fotográficos no jornal Diário de Pernambuco, edição de 4 de outubro de 1860 (Acervo da Biblioteca Nacional do Brasil).

Século XIX

Um dos pioneiros da fotografia no Brasil foi o pintor e naturalista francês radicado no Brasil, Antoine Hercules Romuald Florence. Florence, que chegou ao Brasil em 1824, estabeleceu-se em Campinas, onde realizou uma série de invenções e experimentos. Em 1833 Florence fotografou através da câmera escura com uma chapa de vidro e usou papel sensibilizado para a impressão por contato. Ainda que totalmente isolado e sem conhecimento do que realizavam seus contemporâneos europeus, Niépce e Daguerre, obteve o resultado fotográfico, que chamou pela primeira vez de Photografie. Pela descoberta de Florence, o Brasil é considerado um dos pioneiros na fotografia.

O início da fotografia no Brasil está intimamente ligado ao Imperador Dom Pedro II, que foi um fotógrafo apaixonado. O abade Louis Compte, quando aportou no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1840, fez uma demonstração a Dom Pedro II da daguerreotipia.[2] D. Pedro II, possivelmente, tornou-se o primeiro fotógrafo com menos de 15 anos do Brasil, quando no mesmo ano de 1840 adquiriu um daguerreótipo em Paris.

Augustus Morand, fotógrafo norte-americano (1815-1862), fez as primeiras fotos da família imperial do Brasil ainda em 1840.

Alberto Henschel: Retratos de uma negra e um negro, c. 1870.

Novas tecnologias, como o colódio úmido, chegaram ao Brasil por meio de imigrantes radicados no país. Assim, estúdios de retratistas se espalharam pelas principais cidades brasileiras. O alemão Alberto Henschel abriu escritórios em São Paulo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro grande empresário da fotografia brasileira. Nesse período, também se destacam Walter Hunnewell, que fez a primeira documentação fotográfica da Amazônia, Marc Ferrez, que produziu imagens panorâmicas de paisagens brasileiras, e Militão Augusto de Azevedo, o primeiro a retratar sistematicamente a transformação urbana da cidade de São Paulo. Ressaltem-se ainda Victor Frond, George Leuzinger, August Stahl e Felipe Fidanza.

Século XX

Na década de 1940, deu-se o ápice do fotoclubismo, movimento que reunia pessoas interessadas na prática da fotografia como uma forma de expressão artística. Os primeiros fotoclubes surgiram no início do século XX, mas somente a partir dos anos 1930 passaram a ser decisivos na formação e no aperfeiçoamento técnico dos fotógrafos brasileiros Os principais fotoclubes eram o Photo Club Brasileiro, fundado no Rio de Janeiro em 1923, e o Foto Cine Clube Bandeirante, criado em São Paulo em 1939. Os principais fotógrafos expoentes do fotoclubismo e alguns deles representantes do movimento moderno na fotografia eram Thomas Farkas, José Oiticica Filho, Eduardo Salvatore, Stefan Rosenbauer, Chico Albuquerque, José Yalenti, Gregori Warchavchik, Hermínia de Mello Nogueira Borges e Geraldo de Barros.

A partir do pioneirismo publicitário de Chico Albuquerque, que fez fotos para a primeira campanha publicitária usando a fotografia em 1948, despontaram novos autores como Bob Wolfenson, Marcio Scavone, Claudio Elisabetsky, J.R. Duran e Miro.

Entre os anos 1940 a 50, ocorreu a fundação da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (ARFOC) no Rio de Janeiro (1946), São Paulo (1948) e Minas Gerais (1950). O fotojornalismo foi impulsionado pelas revistas O Cruzeiro e pelo Jornal do Brasil, que passaram a dar destaque para a fotografia em suas páginas.

Assis Chateaubriand, diretor da revista O Cruzeiro, contratou Jean Manzon, transformando-a na mais importante do país.

Oriunda do fotojornalismo das revistas Realidade (1966), Veja (1968) e do Jornal da Tarde (1966) surgiu outra leva de grandes fotógrafos, sendo os principais: Claudia Andujar, Geraldo Guimarães, Walter Firmo, George Love, David Drew Zingg, Orlando Brito e Luigi Mamprim. Luís Humberto fez fotos irônicas sobre a situação do Brasil sob regime militar, apesar do controle da censura. Estes fotógrafos se tornaram ícones da década de 1960 e influenciaram fotógrafos como Orlando Azevedo, Paulo Leite, Ed Viggiani, João Noronha, Thiago Santana, José Bassit, André Cypriano, André Vilaron, expoentes do fotojornalismo.

Surgiram na década de 1970 diversas oficinas e escolas de fotografia no país, como a Enfoco e a Imagem e Ação, em São Paulo, que impulsionaram a fotografia de autor. Na falta de lugares especializados para exposições foram criadas várias galerias, como a Fotóptica e a Álbum, e surgiram grupos como o Photogaleria, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a intenção de inserir a fotografia no mercado de arte brasileiro.

O jornalismo independente das agências como a Focontexto, F4, Ágil, Fotograma e ZNZ foi registrado por fotógrafos como Juca e Delfim Martins, Nair Benedicto, Ricardo Chaves, Emidio Luisi, Milton Guran, entre outros, que se destacaram na fotografia autoral. Pedro Martinelli e Cristiano Mascaro somam-se aos destaques da fotografia autoral, ainda que trabalhando para as publicações tradicionais.

Há ainda os trabalhos cuja proposta é a inserção da fotografia com a arte estabelecida e vice-versa, representados por Otto Stupakoff, Anna Bella Geiger, Antonio Saggese, Cássio Vasconcellos, Alex Flemming, Kenji Ota, Gal Oppido, Eustáquio Neves, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Flavya Mutran e Vik Muniz, entre outros.

Sebastião Salgado no Fórum Social Mundial em 2003

Nos anos 1980, a fotografia brasileira tornou-se conhecida no exterior por meio da participação em exposições internacionais e da publicação do trabalho de fotógrafos brasileiros em revistas estrangeiras. Entre os principais nomes do período estão Sebastião Salgado, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Kenji Ota, Sergio Valle Duarte e Marcos Santilli.

Em 1981, Sebastião Salgado foi um dos únicos fotógrafos a registrar a tentativa de assassinato do presidente norte-americano Ronald Reagan, o que lhe deu grande destaque internacional. Além dele — que na época era free-lancer da Agência Magnum de Paris e tinha sido enviado para acompanhar o presidente a pedido do New York Times —, fotografaram o atentado apenas os americanos Ron Edmonds e Michael Evans. A partir de então, Salgado, radicado na França, é reconhecido mundialmente como um dos mestres da fotografia documental contemporânea. Nos anos 1980 e 90, publicou grandes fotorreportagens de denúncia social, em livros como Sahel: "l’Homme en Détresse" (1986), "Trabalhadores" (1993) e "Terra" (1997).

A Enfoco - Escola de Fotografia

De agosto de 1968 a julho de 1976, funcionou em São Paulo a Enfoco - Escola de Fotografia, criada por Cláudio Kubrusly. Vários fotógrafos, como Lúcio Kodato, Nair Benedicto e Suzana Amaral, que se destacaram posteriormente no cenário da fotografia brasileira, passaram por seus bancos.

Cronologia

Militão Augusto de Azevedo: Vista em direção ao Largo São Francisco, São Paulo
Marc Ferrez: Jornais, 1899
Benjamin Abrahão Botto: Virgínio Fortunato e bando NH, 1936-1937
Ricardo Stuckert, da Agência Brasil: Resende, RJ - Imagem do desfile dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras durante cerimônia de entrega do espadim aos novos formandos, 19 de agosto de 2006
Guy Veloso, Série Penitentes

Referências

  1. «Fotografia no Brasil». São Paulo: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. ISBN 978-85-7979-060-7. Consultado em 15 de março de 2021 
  2. «Jornal do Commercio». Jornal do Commercio. 17 de janeiro de 1840. Consultado em 15 de março de 2021 

Ligações externas

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