Geraldo Calábria Lapenda[1]
Nascimento 6 de dezembro de 1925
Nazaré da Mata
Morte 19 de dezembro de 2004 (79 anos)
Recife
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Pontifícia Universidade Gregoriana
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Manuel da Nóbrega
Universidade Católica de Pernambuco
Ocupação professor universitário, filólogo
Magnum opus Estrutura da língua iatê

Geraldo Calábria Lapenda (Nazaré da Mata, 6 de dezembro de 1925Recife, 19 de dezembro de 2004) foi um filólogo e professor universitário brasileiro.

Vida

Em Nazaré da Mata, com seus irmãos e a avó materna (1946)

Filho de José Spinelli Lapenda (Pepino) e Anna Calábria Lapenda, era o quinto de sete irmãos: Feliciano (Padre Lapendinha), José, Maria da Conceição (Ceça), Pascoal (Lito), Maria Ângela e Francisco de Assis, já falecidos. Após seus estudos menores em Nazaré da Mata, foi para o Rio de Janeiro, aos onze anos de idade, para prosseguir seus estudos no Seminário Arquidiocesano de São José, onde, além de seus estudos regulares em Humanidades (1937-1943), fez o curso de Filosofia (1944-1946), com especialização em língua grega, grego-bíblico e língua hebraica.

Na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, cursou Teologia no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, ali ingressando em novembro de 1946, mas não o concluindo e retornando ao Brasil em março de 1948. Seu sonho, então, era a advocacia, mas os anos de seminário o conduziriam, não por sua vontade, mas pela legislação educacional vigente, à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "Manuel da Nóbrega", da Universidade Católica de Pernambuco, onde se graduou no bacharelado (1949-1951) e na licenciatura (1952) em Letras neolatinas.

Tinha início sua vida de magistério e, como professor da recém-criada Faculdade de Filosofia de Pernambuco, que futuramente integraria a Universidade do Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco, veio a conhecer a sua esposa, Maria Clementina Barros Lapenda, com quem se casou em 20 de dezembro de 1952, passando juntos 52 anos, completados no dia do seu sepultamento.

Dessa união, três filhos: Ana Lúcia, Marcos José e Marcelo Lapenda.

Conseguiu, ainda, realizar o seu antigo sonho, graduando-se em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (1968-1972), mas pouco advogou, tão somente durante dois anos. O "vício" do magistério já o havia tomado.

Em 1965, obteve uma bolsa para, no Uruguai, fazer o curso de Tipologia Linguística, no 1º Instituto Linguístico Latino-Americano (dezembro/1965 a janeiro/1966), promovido pelo PILEI - Programa Interamericano de Linguística e Ensino de Idiomas.

Doutorou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, obtendo o título de livre docente em Linguística, mediante aprovação em concurso de títulos e provas, com a defesa de sua tese Aspectos Fonéticos do Falar Nordestino (1977).

Geraldo faleceu aos 79 anos, em Recife, no dia 19 de dezembro de 2004, um domingo.

Atividades docentes e administrativas

Ensino fundamental e médio

Ensino superior

Foi fundador do Curso de Letras da Faculdade de Filosofia de Pernambuco da Universidade do Recife (atual Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco) e era Professor Titular de Língua e Literatura Grega, ministrando, ainda, aula nas seguintes disciplinas: língua e literatura italiana (para a qual foi nomeado Professor Assistente - 1950-1955), língua e literatura latina, língua portuguesa (no curso de Medicina1973-1976), indo-europeu (cursos extraordinários promovidos pelo Diretório Acadêmico da então denominada Faculdade de Filosofia de Pernambuco – 1954/1955), métrica greco-latina (curso de Especialização em Teoria da Literatura – 1973), fonética geral e análise fonológica (curso de Mestrado em Letras) e filologia românica histórica (curso de Doutorado em Letras).

Na Faculdade de Filosofia do Recife (FAFIRE), no seu Curso de Letras (1972-1980), lecionou língua latina, língua portuguesa, filologia românica, língua e literatura italiana e língua inglesa e, no seu Curso de Geografia, língua tupi.

Na Universidade Católica de Pernambuco lecionou língua e literatura italiana (1953-1958).

Lecionou, ainda, métrica greco-latina no Seminário Arquidiocesano de Olinda e Recife (1958/1960).

Vice-reitor da UFPE, na entrega de medalha ao cientista Albert Sabin (centro), juntamente com o reitor, Geraldo Lafayette Bezerra (1980)

Na Universidade Federal de Pernambuco exerceu cargos administrativos, havendo sido eleito e nomeado chefe do Departamento de Letras (1976/1978), reeleito por unanimidade (1978/1980), e vice-reitor (1980/1984), havendo assumido o exercício do cargo de reitor, em março de 1983, com o afastamento do titular por motivo de doença e posterior falecimento, até a posse no novo reitor, em novembro do mesmo ano.[2] Integrou ainda a lista sêxtupla para indicação do cargo de vice-reitor (1971) e de reitor (1983), sendo nesta última o mais votado. Igualmente foi membro de inúmeros órgãos colegiados.

Foi coordenador do Curso de Letras da então Faculdade de Filosofia de Pernambuco (1965-1967) e subchefe pro tempore do Departamento de Letras do então Instituto de Letras (1969).

Na Faculdade de Filosofia do Recife (FAFIRE), foi chefe do Departamento de Letras (1975-1976).

Fez parte, ainda, da comissão organizadora do 1º Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária (1960), realizado no Recife; o Conselho de Ciência e Tecnologia de Pernambuco e o Conselho Deliberativo do Centro de Desenvolvimento Empresarial de Pernambuco (1983); as comissões regionais de Educação e de Energia da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e o Grande Júri do Prêmio Moinho Santista. E, no período de 1990/1994, na qualidade de representante das instituições de ensino superior, o Conselho Consultivo da Escola Técnica Federal de Pernambuco, hoje denominada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco.

Participou ativamente da fundação da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), na qual chegou a integrar o seu primeiro Conselho Diretor,[3][4] fomentando outras atividades de âmbito nacional e local e, ainda, foi consultor científico da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (FADE-UFPE).

Escritos e realizações

Publicações

Geraldo Lapenda com o índio fulni-ô Lourenço (1952)

Além das teses defendidas nos concursos para Cátedra – O Condicional no Sistema Verbal Latino (Cátedra de Latim do Instituto de Educação de Pernambuco, 1952) e Tendência do Latim ao Analitismo (Cátedra de Latim do Colégio Estadual de Pernambuco, 1957) – e para a obtenção do grau de Doutor em Letras (Aspectos Fonéticos do Falar Nordestino, 1977), realizou pesquisa de campo, que empreendera desde 1953, normatizando a gramática da língua iatê (ou yatê), falada pelos índios fulniô, de Águas Belas (Yati-lyá, na língua fulniô), sertão de Pernambuco, publicando ao final o trabalho Estrutura da Língua Iatê (Ed. Universitária-UFPe, 1968), re-editado em 2005.[5]

Foi um trabalho para o qual despendera quase dez anos de sua vida, sem que existisse qualquer estudo anterior sobre aquela língua para lhe servir de escopo e contando apenas com o auxílio de parcos e rudimentares equipamentos, o que não o impediu de concluir um trabalho pioneiro e de reconhecida qualidade no meio acadêmico nacional e internacional. Periodicamente, recebia em sua casa a visita dos índios, que muitas vezes o acompanhavam no seu dia-a-dia para um melhor domínio daquela língua.[6][7][8]

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Entre outros, foram publicados:

Ainda colaborou em outros trabalhos, realizando tradução de termos latinos e revisão de originais.[10][11][12][13]

Inéditos

Latim
Linguística
Linguística Indígena

Conferências e debates

Conferências

Debates

Láureas

Em reconhecimento pelas suas atividades como educador e administrador, recebeu as seguintes homenagens:

Cerimônia de inauguração da biblioteca pública municipal Geraldo Lapenda, em Carpina/PE, com discurso de agradecimento proferido por sua neta Nathália Lapenda
Placa alusiva à inauguração da biblioteca, em Carpina/PE, sob as vistas da viúva Clementina Lapenda e do prefeito Manoel Botafogo

Referências

  1. Lapenda, Marcelo (2005). Geraldo Calábria Lapenda. mais do que um réquiem. Recife: Baraúna. ISBN 85-98152-18-8 
  2. «História da Universidade Federal de Pernambuco». Portal da UFPE 
  3. «ABRALIN - Associação Brasileira de Linguística» 
  4. «International Review of Applied Linguistics in Language Teaching» (em inglês). 7 (2). 1969: 149-150 [ligação inativa]
  5. «Editora Universitária participa de lançamentos e homenagens a Geraldo Lapenda». 25 de novembro de 2005 
  6. Díaz, Jorge Hernándes (set. 1998). «Fulniô» 
  7. «Biblioteca Digital Curt Nimuendaju» 
  8. «JC ONLINE». Fulni-ô é a única etnia no Nordeste que manteve a língua. 2007 
  9. «Biblioteca Digital Curt Nimuendaju». Coleção Geraldo Lapenda 
  10. Mariz, Geraldo (nov–dez de 1974). «Bulletin of the Torrey Botanical Club». Two new species of Tovomita Aublet (Guttiferae) from northeastern Brazil (em inglês). pp. 367–371 
  11. Lins, Salustiano Gomes (1983). Epilepsia. Recife: Ed. Universitária 
  12. Freitas, Geraldo Gomes (1985). Comportamento histológico da cartilagem articular. estudo experimental dos glicocorticoides infra-articular. Recife: Departamento de Medicina Clínica da UFPE 
  13. Upadhyay, H.P.; Mankau, R. (1981). Mycologia. Dactylaria Nervicola sp. nov. and Exserohilum Novae-Zelandie comb. nov. from Mexico (em inglês). [S.l.: s.n.] 

Ligações externas