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Memorial do Convento

Capa da 48ª edição portuguesa
Autor(es) José Saramago
Idioma português
País Portugal Portugal
Gênero romance histórico
Linha temporal XVIII
Editora Editorial Caminho
Lançamento Outubro de 1982
Páginas 357
ISBN 972-21-0026-2
Edição brasileira
Editora Bertrand Brasil
Lançamento 1987
Páginas 347
ISBN 852860022X
Cronologia
Levantado do Chão
O Ano da Morte de Ricardo Reis

Memorial do Convento é um romance de José Saramago, conhecido internacionalmente, publicado pela primeira vez em Outubro de 1982[1]. A acção decorre no início do século XVIII, durante o reinado de D. João V e da Inquisição. Este rei absolutista, graças à grande quantidade de ouro e de diamantes vindos do Brasil Colónia, mandou construir o magnânimo Palácio Nacional de Mafra, mais conhecido por convento, em resultado de uma promessa que fez para garantir a sucessão do trono.

Através da íntima relação entre a narração ficcional e a histórica, o romance critica a exploração dos pobres pelos ricos, que origina a guerra entre os indivíduos, e a corrupção pertencente à natureza humana - com especial enfoque na corrupção religiosa. Revela igualmente o tema do solitário que luta contra a autoridade, recorrente nas obras de Saramago.

Ver e não ver são as chaves simbólicas do romance. Baltasar tem a alcunha de Sete-Sóis, porque apenas consegue ver à luz, enquanto que Blimunda é chamada de Sete-Luas, porque consegue ver no escuro, com o recurso ao seu dom - a ecovisão. Assim, esta dupla, cuja alcunha contém o Sete e a relação Sol-Lua, representa simbolicamente o uno.

Na sua totalidade, as políticas do poder do Portugal contemporâneo são satirizadas pelo autor[2].

Traduzido em mais de 20 línguas, a obra conta com mais de 50 edições.

O Memorial do Convento inspirou a ópera Blimunda, de Azio Corgi, criada na Scala de Milão em 1990

Sinopse

A Construção do Convento de Mafra (Alfredo Roque Gameiro, 1917)

Nesta obra, Saramago retrata a personalidade do rei D. João V e narra também a vida de vários operários anónimos que contribuíram na quixotesca construção do Convento de Mafra. Entre esses operários estava também Baltasar, e o romance foca, entre outras coisas, o seu grande amor por Blimunda, mulher dotada do estranho poder de ver o interior das pessoas. Os dois conhecem um padre, Bartolomeu de Gusmão, que entrou na história como pioneiro da aviação. O trio inicia a construção de um aparelho voador, a Passarola, que sobe em direcção ao Sol, sendo que este atrai as vontades, que estão presas dentro da Passarola. Blimunda, ao ver o interior das pessoas, recolhe as suas vontades, descritas pelo autor como nuvens abertas ou nuvens fechadas.

Após o primeiro voo da passarola, Bartolomeu foge para Espanha, perseguido pela Inquisição. Blimunda e Baltasar vão tratando de esconder e de fazer a manutenção à passarola, que estava dissimulada por arbustos em Monte Junto. Um dia, Baltasar ficou preso à passarola, enquanto fazia a sua manutenção, e os cabos que a impediam de se elevar nos céus rebentaram, tendo sido levado pelos ares. A aeronave despenhou-se e Baltasar foi capturado pela Inquisição, acusado de bruxaria. No epílogo da acção, Blimunda recolhe a vontade de Baltasar, enquanto este morre, condenado à fogueira.

Personagens

Em Memorial do Convento existem poucas personagens que formam dois grupos opostos: A aristocracia e o alto clero representam o grupo do poder, enquanto o povo e os oprimidos, que representam o grupo do contra-poder. Os primeiros são caracterizados pela falsidade, ridículo, ostentação e indiferença pelo sofrimento humano ou crueldade mal disfarçada de religiosidade. Os segundos são os heróis esquecidos pela História oficial, que ganham relevo e rebeldia através da ficção do romance.

Grupo do poder

D.João V

O rei vigente de Portugal, que vive apenas de formalidades encenadas, sem qualquer espontaneidade ou emoção. Representa o absolutismo e a consequente repressão no povo miserável. Assim, a faceta de Déspota Esclarecido é revelada quando este, ao desejar ser lembrado por uma obra magnificente tal como o Rei-Sol, manda construir um enorme palácio e um convento de Mafra para franciscanos, com o pretexto de cumprir a promessa que fez ao clero - influência que justifica e "santifica" o seu poder - para garantir a sucessão ao trono. E também por isso, tem o desejo de progresso e inovação, pelo que protege projectos como, inicialmente, o da passarola. Pela mesma razão contrata Domenico Scarlatti como professor de música da infanta Maria Bárbara, de modo a mostrar o seu apreço pelas artes.

A sua obsessão pela magnanimidade é tal, que até tem como passatempo a construção da réplica da Basílica de São Pedro de Roma.

As suas atitudes revelam então que é vaidoso, egocêntrico, megalómano e que governa consoante os seus desejos e sonhos, em que os meios justificam o fim, desprezando assim a miséria dos pobres e sacrificando o povo e a riqueza do país em nome da concretização do seu sonho maior. No entanto, revelou alguns actos de perdulária ostentação, quando lançou moedas de ouro ao povo durante os cortejos reais.

Compactua com a Inquisição, mas tem várias relações adúlteras em que a sua amante preferida é a Madre Paula do Convento de Odivelas, entregando-se aos prazeres pecaminosos e imorais da carne, e orgulhando-se dos seus abundantes bastardos.

No romance, o rei tem uma imagem caricatural, ridicularizado tanto ao protagonizar cerimónias de solenidade, como nas situações que revelam as suas fragilidades que desmascaram facetas pouco dignificantes.

D. Maria Ana Josefa

A rainha, de origem austríaca, é tratada como um mero instrumento do rei, cuja alegria e glória do reino é dependente do seu ventre. O casal protocolar junta-se unicamente duas vezes por semana para cumprir o dever real. O rei sobe simplesmente para a cama da rainha e do mesmo modo deixa-a, não falam nem dormem juntos. A rainha dorme sempre com um cobertor de penas oriundo de Áustria, com saudades de casa, mas este já está com tão fedor e com pulgas que o rei apenas dormia com a rainha inicialmente. O mesmo cobertor, surge também como símbolo do afastamento entre os dois.

Liberta-se da sua condição através do sonho, onde assume a sua sensualidade com o seu cunhado, infante D. Francisco, mas sente-se atormentada e culpada, pois tem a consciência que está em pecado, pelo que não o revela em confissão e entra numa busca constante de redenção através da oração. Ocupa-se obsessivamente com missas e longas novenas, tal como uma devota parideira que veio ao mundo só para isso, e julga que está grávida de Deus. Tem sonhos com o cunhado, infante D.Francisco mas não deixa que passem disso, quando este fez-lhe uma declaração de amor durante a ausência do rei por motivos de doença. Consciente da infidelidade do seu marido, assume perante a vida uma atitude de passividade e de infelicidade.

Esta personagem representa o papel da mulher da época: submissa, simples procriadora e objecto da vontade masculina. E por pertencer à casa real e por estar grávida, nem da festa da pós-Quaresma pode desfrutar, enquanto as outras mulheres comuns aproveitam o único dia de independência que têm com os seus amantes.

Grupo contra-poder

Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão

O padre, cuja alcunha é Voador, é marcado pelo espírito científico, evidenciado por ignorar os fanatismos religiosos da época; pelo comportamento anti-canónico, questionando os dogmas eclesiásticos; e pela modernidade, que o levou a ter o sonho de criar uma máquina voadora. A concretização deste sonho tornou-se uma obsessão, cujas investigações científicas levou-o a viajar primeiro para a Holanda, em busca do segredo, que viria a ser o éter, que faria a passarola voar, e depois para Coimbra, onde se doutorou. Deste crescente saber adquirido e das suas inabaláveis certezas científicas emerge um orgulho, uma grande ambição de elevar-se um dia no ar, onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos eleitos. Esta obsessão também é responsável pela formação de uma Santíssima Trindade terrena com Baltasar e Blimunda, igualmente transgressores das regras da Igreja, de modo a usufruir na construção da passarola, juntamente com os seus conhecimentos científicos, a capacidade física e o saber prático do primeiro e a magia herética da segunda. O seu estatuto de transgressor da sociedade vigente e da Igreja é enfatizado quando realiza o casamento e o batismo de Sete-Luas com Sete-Sóis.

A amizade entre estes três é o símbolo da solidariedade e da beleza, em dicotomia com o egoísmo e o poder.

Inicialmente o padre estava sob a protecção real, mas assim que esta terminou, foi imediatamente perseguido pela Inquisição sob a acusação de bruxaria, obrigando-o a abandonar o projecto a Baltasar e a fugir a segredo de todos para Espanha, onde acaba por morrer em Toledo.

Domenico Scarlatti

Primeiramente professor do infante D.António, irmão de D. João V, passando depois a ser professor da infanta D. Maria Bárbara. Exerceu assim as funções de mestre-de-capela e professor da Casa Real de 1720 a 1729, durante a qual escreveu diversas peças musicais. Com tais dados registados na História oficial, esta personagem referencia ainda mais uma credibilidade ao enquadramento histórico da narrativa.

Embora contratado pelo rei, é também um representante de contra-poder devido à sua liberdade de espírito e pelo seu poder libertador e subversivo da sua música. Como tal, a convite do padre Bartolomeu, é um participante do projecto da passarola, embora indirectamente, como um cúmplice silencioso[3]. Deste modo o narrador une a ciência e a arte, e demonstra como ambas são reveladoras de um espírito de inovação, de tolerância e de abertura ao progresso e à modernidade.

Assim, Scarlatti instala secretamente o seu cravo para a Quinta do Duque de Aveiro, onde toca a sua música e inspira os construtores da passarola. Mais tarde, quando Blimunda ficou com uma estranha doença causado pela exaustão da recolha das vontades, o músico tocava frequentemente para Blimunda até provocar a sua cura completa[4].

Deste modo é revelado que a música, aliada ao sonho, permite a cura e ajuda a conclusão e o voo da passarola, simbolizando o ultrapassar, por parte do homem, de uma materialidade excessiva e o atingir da plenitude da vida.

A amizade deste com o padre Bartolomeu, originada pela compreensão e pela partilha das mesmas ideias e sonhos, representa a articulação entre a cultura e o humano, entre o saber e o sonho, entre o conhecimento e o desejo[5].

Por fim, Scarlatti é o mensageiro da morte do padre Bartolomeu a Blimunda e Baltasar.

Baltasar

Estudo académico de Joaquín Sorolla

Baltasar Mateus , com alcunha hereditária de Sete-Sóis, é abandonado pelo exército durante a Guerra da Sucessão Espanhola por ter ficado inválido devido à perda da sua mão esquerda, representando a crítica da desumanidade na guerra. Deixado na miséria, consegue chegar a Lisboa, onde conhece nesse mesmo dia Blimunda e o padre Bartolomeu, num auto-de-fé no Rossio. Contava 26 anos. Imediatamente encantado pelos olhos de Blimunda no primeiro olhar, partilha desde esse momento até morrer a vida e os sonhos com ela. O padre Bartolomeu fá-lo participante do sonho de voar, projecto que será prosseguido na sua responsabilidade após o desaparecimento deste.

Torna-se talhante em Lisboa, uma vez que o gancho que usa para substituir a mão lhe facilita o trabalho, e posteriormente integra-se como boieiro nas legiões de operários nas obras do convento de Mafra. Porém, a sua principal ocupação é a construção da passarola.

Esta personagem revela-se gradualmente o herói do romance. Pois, em primeiro, por ser o representante do povo oprimido, o seu percurso torna-se o foco do narrador, abatendo do primeiro plano as personagens do grupo de poder. Em segundo, a sua relação com Blimunda, cujos poderes são considerados heréticos, entra em conflito com os valores da sociedade vigente, por não serem casados oficialmente. Em terceiro, pela amizade e partilha de ideias e sonhos com o padre Bartolomeu, que o divinizou ao compará-lo com Deus, por achar que este também é maneta da mão esquerda[6]. Em quarto, pela influência dessa amizade, Baltasar adquire o conhecimento de outras verdades, acerca do questionamento de dogmas religiosos e, principalmente, sobre a consciência do papel do homem no mundo, esta que será obtida quando Baltasar reconhecer e assumir o seu próprio valor[7]. E por último, porque Baltasar paga com a sua própria vida a perseguição do sonho, o que, por consequente, o faz transcender à imagem do povo oprimido e espezinhado de que faz parte e que representa. Assim, não é um herói nem um anti-herói, é simplesmente um homem: um homem simples, elementar, fiel, terno e maneta, que reage perante a vida com a resignação típica dos humildes tanto de coração como de condição. Aceita apenas o que a vida lhe oferece, sem medo do trabalho ou da morte.

Blimunda

Blimunda Jesus é uma jovem mulher do povo de dezanove anos que tem a capacidade de ver por dentro as pessoas e os objectos, durante o jejum, e de recolher as vontades, este acto não mata as pessoas mas é mais fácil ser executado nas que estão a morrer, dom este que é revelado apenas quando o padre de Bartolomeu descobre que o combustível da passarola é o éter e que este está dentro das vontades das pessoas, fazendo esta personagem também parte desse projecto.

Torna-se companheira de Baltasar em consequência da sua mãe, Sebastiana de Jesus, que ao vê-la pergunta-lhe telepaticamente quem é o homem que está ao seu lado. Blimunda vira-se simplesmente para Baltasar e pergunta-lhe qual é o seu nome?. Baltasar responde-lhe, Blimunda diz-lhe o seu e imediatamente inicia-se o puro amor entre os dois, transgredindo a moral tradicional e entrando para um domínio do maravilhoso, e em sua casa os dois entregam-se um ao outro[8], em corpo e em alma, com o baptismo através do sangue virgem de Blimunda. Foram abençoados tanto pela mãe de Blimunda, como pelo padre Bartolomeu, ao casá-los à sua maneira e ao baptizar Blimunda com o nome Sete-Luas. Este amor é o símbolo da aceitação e da renúncia, uma vez que Blimunda promete nunca olhar Baltasar por dentro, evitando saber da existência de alguma doença mortal[9], porque amar alguém é aceitá-lo sem reservas.

Esta relação amorosa dá-lhe o carácter de uma mulher adiantada em relação ao seu tempo, pois afirma-se dentro -e fora- da relação, tem nela uma igualdade de direitos, tal como Baltasar, e juntos têm uma cumplicidade tão perfeita que não é deste mundo na qual partilham os seus sonhos, os seus medos e a sua vida. No percurso final de Blimunda, quando procura Baltasar durante nove anos, revela ainda uma faceta corajosa e persistência, disposta a tudo e até ao fim para encontrar o seu amor perdido.

Descanso na colheita de William-Adolphe Bouguereau

A união do dois assenta numa relação de amparo, uma vez que ele tranquiliza-a na sua maldição de ver por dentro, enquanto ela ajuda-o na carência da sua mão[10], completando-se um ao outro, formando uma união perfeita. E são felizes na sua "religião do silêncio"[11], em que o olhar tem mais valor que as palavras, em que olharem-se era a casa de ambos.

Em contraste com o casal de conveniência do rei e da rainha, Blimunda e Baltasar, embora sejam um casal ilegítimo por não se terem casado oficialmente, vivem um amor puro e verdadeiro, e por isso vivem mais de Deus, do que o casal real que tanto relevo dá à religiosidade. Deste modo, se houvesse diferença entre esse amor ancestral e a santa missa, a missa perderia[12].

Simbolicamente, o nome Blimunda é o reverso do de Baltasar, tal como é a Lua o reverso do Sol, que, juntamente com o número sete, completam-se até serem um só. O seu nome tem origem na Música, cujo som desgarrador de violoncelo habita no nome Blimunda e cuja vibração está na sua própria alma[13].

Blimunda tem uma grande firmeza interior, e aceita a vida e oferece-se em silêncio sem orgulho nem submissão, com a naturalidade de quem sabe onde está e para o quê[14]. Para além do dom de ver por dentro e de recolher vontades, tem um poder excepcional de intuição e de compreensão da complexidade do mundo[15]. Afirma o narrador que Blimunda aprendeu as coisas sobre a vida e a morte, sobre o pecado e o amor na barriga da mãe, onde esteve de olhos abertos[16].

Representa também o transcendente e a inquietação constante do ser humano em relação à morte, ao amor, ao pecado e à existência de Deus.

Foi a única sobrevivente da Santíssima Trindade terrena, sendo à partida a mais provável vítima da Inquisição devido aos seus dons. Será um significado de uma vitória da mulher? Vitória do amor? Ou vitória daquela que sabia ver?

Outras personagens

Cabeça de velha de José Júlio Sousa Pinto

Análise da obra

Além de o leitor mergulhar numa aventura junto às personagens Baltasar e Blimunda, é levado a uma revisão dos parâmetros que regiam a sociedade passada e às restrições ideológicas - referentes à Idade Média -, ambiente que se vê principalmente nas cenas dos monólogos de Bartolomeu, e no trágico fim de Baltasar Sete-Sóis. Posto como um dos melhores livros de José Saramago, lado a Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento é uma obra que revoluciona por ter sido elaborado com extrema precisão, tendo em vista a época histórica retratada pelo autor, acrescentando-lhe mais um dote, que é a visão máxima de uma realidade histórica passada.

Tempo

Tempo histórico

O romance tem como plano de fundo o início do século XVIII. Uma época marcada pelos contrastes: as práticas retrógradas e medievais, do povo e da corte, em oposição ao esforço de modernização, com D. João V como representante.

Tempo diegético

Na narração da obra a cronologia da acção, que sejam eventos reais ou ficcionais, data entre 1711 a 1739 (28 anos), iniciando com a apresentação do rei e terminando com o último auto-de-fé em Portugal, em que Baltasar morre.

Tempo do discurso

O modo como flui a cronologia da acção (tempo diegético) é na maior parte do romance linear, tendo porém algumas anacronias, tal como a analepse, a prolepse, utilizada por exemplo para narrar a morte do sobrinho de Baltasar e do infante D.Pedro, e a elipse, utilizada na descrição do período em que Blimunda procurou Baltasar durante 9 anos; e ainda a presença do narrador através dos seus comentários, juízos críticos, registos de língua[17], e referências ao século XX.

Espaço

Litografia do Palácio Nacional de Mafra, Portugal, 1853.

Espaço físico

O cenário da obra tem dois macro-espaços:

Estrutura da acção

A acção centra-se na construção do convento de Mafra, que funciona como eixo estruturador de toda a diegese da obra, intercalando assim outras linhas diegéticas, como se pode verificar no texto da contracapa.

Deste modo, na linha diegética da construção do convento, são referidos os trabalhadores de Mafra que vivem a escravidão e que são valorizados pelo narrador. Na linha diegética do amor, são confrontados dois tipos distintos de relação amorosa, um representado pelo casal Baltasar e Blimunda, o amor puro, transgressor e que se basta por si próprio; o outro é o casal artificial, constituído pelo rei e pela rainha, que são estranhos que encontram-se exclusivamente duas vezes por semana por dever real. Na linha diegética da passarola a ciência transgressora é encarada como a força da curiosidade e criatividade do homem, responsável pela perseguição incessável pelo sonho, independentemente das consequências.

Narrador

Simbologia

Crítica

Carácter transgressor

Ópera

Ver também

Referências

  1. Editorial Caminho. «Memorial Do Convento Ed. Esp.». Consultado em 22 de Novembro de 2010. Edição especial de Memorial do Convento, de José Saramago, comemorativa do vigésimo aniversário da sua primeira edição, em Outubro de 1982. 
  2. Instituto Camões. «Parábolas das políticas do poder em Portugal ganham Prémio Nobel». Consultado em 22 de Novembro de 2010. Arquivado do original em 18 de maio de 2009 
  3. Saiu o músico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarçou um, o outro disfarçou, que em Mafra não haveria morador que não estranhasse, e (...) fizesse logo seus juízos muito duvidosos, pg.231
  4. Durante uma semana(...) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve forças para levantar-se, sentava-se ao pé do Cravo, pálida ainda, rodeada de música como se mergulhasse num profundo mar.(...) Depois, a saúde voltou depressa., pg-191-2
  5. Maria Alzira Seixo, in O Essencial sobre José Saramago, INCM.
  6. maneta é Deus, e fez o universo.(...) Se Deus é maneta e fez o universo, este homem sem mão pode atar a vela e o arame que hão-de voar, pg.69
  7. Ana Paula Arnaut, Memorial do Convento, História, Ficção e Ideologia, ed. Fora do Texto.
  8. pg.56-57.
  9. Nunca te olharei por dentro, pg.57.
  10. chegando ela, acaba-se a rebelião, Ainda bem que vieste, diz Baltasar, pg.94
  11. não falou Blimunda, não lhe falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se era a casa de ambos., pg. 114.
  12. pg.145
  13. José Saramago, JL, 15.05.90
  14. Glória Hervás Fernandez, in Uma leitura espanhola de Memorial do Convento de José Saramago, Revista Palavras, nº21 de 2002.
  15. pg.131,141,203,331-333.
  16. Helena Kaufman
  17. que se lixam, com perdam da anacrónica voz, pg.259.
  18. Via-se o castelo lá no alto, as torres das igrejas dominando a confusão das casas baixas, a massa indistinta das empenas., pg.40.
  19. Aquilo além é o palácio do rei(...). (...)No meio do Terreiro do Paço, a ver passar o mundo, as liteiras e os frades, os quadrilheiros e os mercadores, a ver pesar fardos e caixões(...), pg.43
  20. O Palácio Real viria a ser completamente destruído no terramoto de 1755
  21. (...) el-rei acreditou na minha máquina e tem consentido que, na quinta do duque de Aveiro(...), eu faça os meus experimentos, pg.64;A um lado do pátio espaçoso ficava (...)[uma] abegoaria(...), viam-se panos de vela, barrotes, rolos de arame,(...) e ao meio, no espaço desafogado, havia o que parecia uma enorme concha, toda eriçada de arames, como um cesto que, em meio fabrico, mostra as guias do entrançado., pg.67; três anos inteiros haviam passado desde que partira, estava a abegoaria em abandono, dispersos no chão os materiais que não valera a pena arrumar(...)', pg.121;
  22. Quando chegaram ao portão da quinta, onde não está o duque nem criados seus, pois os bens dele foram reunidos aos da coroa(...). Todas as portas e janelas do palácio estavam fechadas, a quinta abandonada, sem cultivo., pg.67
  23. por exemplo:Já lá vai pelo mar fora o Padre Bartolomeu Lourenço, e nós que iremos fazer agora, sem a próxima esperança do céu, pois vamos às touradas que é bem bom divertimento,pg.
  24. por exemplo:"e aquele monstro de pedra a resvalar quando devia estar arado, imóvel quando deveria mexer-se, amaldiçoado seja tu, mais quem da terra te mandou tirar e a nós arrastar por estes ermos.
  25. pg.53
  26. pg.162-163.
  27. pg.290.
  28. pg.99.
  29. pg.158
  30. pg.161
  31. pg.226.
  32. pg.238.
  33. pg.95-99.
  34. pg.233
  35. pg.301,304.
  36. a b c «Lithis». José Saramago: Memorial do Convento 
  37. a b o padre virou-se para ela, sorriu, olhou um e olhou outro, e declarou: Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e assim, Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem baptizada estava, que o baptismo foi de padre, não alcunha de qualquer um., pg.94.
  38. pg.94
  39. os sete dias da criação do mundo, os sete dias da semana, os sete pecados mortais, as sete cores do arco-íris...
  40. É benzida a primeira pedra na sagração do convento às 7 da manhã, do dia 17 de Novembro de 1717.
  41. Outras situações: sete igrejas visitadas pelas mulheres na Quaresma, pg.31; baptismo da infanta por sete bispos, pg.75; na vinda de Scarlatti a Portugal, a língua portuguesa é lhe familiar há sete anos, pg.168; Blimunda passa por Lisboa sete vezes até encontrar Baltasar, pg.372;
  42. http://esjapportugues.blogs.sapo.pt/7652.html

Bibliografia

Ligações externas

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