Centro histórico de Plasencia. As áreas mais escuras correspondem à muralha e aos principais monumentos históricos.
Panorâmica do centro histórico de Plasencia

Plasencia é uma cidade da Espanha, na província de Cáceres, comunidade autónoma da Estremadura, que tinha 39 558 habitantes em 2021.

Situada na Via da Prata, a rota comercial milenar que cruza o centro da Península Ibérica desde a Antiguidade, na entrada do vale do Jerte, nos flancos sul das montanhas que formam a fronteira natural entre a Estremadura e Castela e Leão, o local é habitado desde a Pré-história e quando a cidade atual foi fundada, no século XII, tinha uma importância estratégica acrescida por ser uma zona de fronteira disputada entre cristãos e muçulmanos, e pelos reinos cristãos rivais de Castela, Leão e Portugal.

O património arquitetónico e histórico da cidade é vasto[1][2][3] e encontra-se principalmente na parte antiga, em volta da Plaza Mayor.

Monumentos religiosos

Catedrais

O estatuto de sede episcopal foi concedido a Plasencia pelo papa Clemente III em 1189 e determinou em grande medida a história e paisagem da cidade. A catedral avista-se antes de entrar na cidade e preside ao centro histórico. O processo construtivo desenvolvido ao longo dos séculos permitiu combinar num só edifício duas catedrais perfeitamente diferenciadas que a convertem na igreja mais ricamente ornamentada da Estremadura.[4]

Catedral Velha

A Catedral Velha de Plasencia, ou Igreja de Santa Maria, foi construída entre os séculos XIII e XIV. Foi obra dos mestres Juan Francés e Diego Díaz e é um exemplo de transição entre o românico e o gótico.

No final do século XV decidiu-se erigir uma nova catedral, de muito maiores dimensões, cuja construção implicou a demolição do cruzeiro e de parte da cabeceira da catedral já existente.

No interior tem três naves e quatro tramos com abóbadas em cruzaria, obra de Gil de Císlar. Na nave central venera-se um pequeno retábulo da Virgen Niña (Virgem Menina). As naves laterais são dedicadas à Virgen de los Dolores (Nossa Senhora das Dores) e a Cristo Crucificado.

No claustro é patente a transição do românico para o gótico, com arcos pontiagudos e abóbadas em cruzaria, mas com colunas e capitéis de clara tradição românica. O pórtico principal é de estilo românico, com as clássicas arquivoltas, sobre as quais existe um grupo escultórico talhado em pedra representando a Anunciação de Nossa Senhora. Um motivo decorativo dominante no pórtico, que se encontra também noutros pórticos placentinos, são pontas de diamante nas arestas das jambas.

A antiga sala capitular, atualmente convertida na capela de São Paulo tem uma torre gallonada[nt 1] (Torre del Melón) tem uma cúpula é de estilo bizantino, semelhante à estrutura da Torre do Galo da Catedral Velha de Salamanca, à Catedral de Zamora e à Colegiata de Toro. A catedral velha funciona atualmente como um museu.[7]

Catedral Nova

A construção da Catedral Nova em 1498 e prolongou-se ao longo do século XVI, mas nunca seria finalizada por falta de financiamento. A parte construída é de estilo renascentista. Participaram na sua construção de forma mais ou menos direta os principais arquitetos espanhóis do século XVI — Enrique Egas, Juan de Álava, Francisco de Colonia, Covarrubias, Diego de Siloé e Rodrigo Gil de Hontañón.[4]

A catedral tem três naves com a mesma altura, seguindo o modelo renascentista. Dos pilares partem nervuras que acabam em abóbadas estreladas de grande complexidade.

No seu interior destaca-se o retábulo principal, considerado uma das obras mais notáveis do Barroco espanhol. Junto a ele encontra-se o túmulo renascentista do bispo Ponce de León, construído em mármore, representando o prelado em oração. Igualmente interessante é o coro, obra executada no fim do século XV para a catedral velha, cujas cadeiras apresentam um trabalho escultórico em madeira de nogueira com uma ampla e rica iconografia que segue a linha das cadeiras de coro espanholas do século XVI. Entre as cadeiras destacam-se as dos Reis Católicos e a do bispo, obras do entalhador Rodrigo Alemán.[4]

O exterior da catedral é de grande riqueza ornamental e apresenta um conjunto de ameias rendilhadas,[nt 2] pináculos, janelas, imagens e medalhões. A fachada principal, foi construída no século XVI segundo os modelos renascentistas e está adornada com abundante decoração de estilo plateresco.

Os cerimónias fúnebres do imperador Carlos V (I de Espanha) foram realizadas na catedral, tendo havido então necessidade de cobrir com tapumes a parede sul.[4]

Panorâmica do conjunto das duas catedrais
Fachada plateresca da Catedral Nova
Nave central da Catedral Velha
Claustro da Catedral Velha

Outras igrejas

As ordens militares de Santiago e de Alcântara, com grande importância política na região, promoveram a construção de numerosas igrejas na cidade, na sua maioria em estilo românico e o gótico, edificadas a partir do século XIII, algumas delas sobre construções muçulmanas. De entre elas destacam-se as seguintes:

Igreja de San Martín
Praça de Santa Ana
Vista da ermida de São Lázaro e da ponte com o mesmo nome
Santuário da Virgen del Puerto


Conventos e outros edifícios religiosos

No passado existiram numerosos conventos em Plasencia. Na atualidade (2009), muitos deles estão desativados em consequência da falta de vocações religiosas. Pelo seu valor patrimonial, podem-se destacar os seguintes:

Convento de Santo Domingo ou de São Vicente Ferrer, atualmente um Parador Nacional
Claustro do Convento de Santo Domingo
Pátio do paço episcopal


Monumentos militares

Quartel militar reconvertido no campus universitário de Plasencia

Portas da muralha

A zona antiga da cidade era completamente muralhada e organizava-se em volta da Plaza Mayor, de onde partem sete ruas principais, cada uma para a sua porta. Das sete portas originais restam quatro: do Sol, de Trujillo, de Cória e Berrozanas. As restantes três foram demolidas: Santo Antão, Salvador e Talavera.[28]

Uma das portas da cidade de Córdova chama-se Porta de Plasencia por ter sido por ela que aquando da reconquista da cidade por ela entraram os primeiros cavaleiros, os quais eram procedentes de Plasencia.[29]

Porta de Trujillo
Porta de Coria
Porta Clavero
Porta do Sol, com a estátua equestre do fundador da cidade, Afonso VIII de Castela


Monumentos civis

Palácios e casas senhoriais

Durante a Baixa Idade Média (séculos XI a XV) e Renascimento (séculos XV a XVII), viveram em Plasencia as famílias nobres mais importantes da Estremadura, que deixaram como legado do passado numerosos palácios e casas senhoriais. As edificações civis mais significativas são:[30]

Palácio do marquês de Mirabel
Casa do Deão
Palácio dos Almaraz
Casa das Duas Torres


Arquitetura contemporânea

Outros lugares de interesse

Arcos de San Antón do aqueduto de Plasencia
Plaza Mayor e Casa Consistorial
Rua do centro histórico, perto das catedrais
Praça da Cruz Dourada


Notas

  • A maior parte do texto foi inicialmente baseada na tradução do artigo «Plasencia» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).
  1. Não foi encontrada tradução para o termo gallonada usado no original. À letra significa que tem gallones, que por sua vez podem ser "segmentos côncavos de algumas abóbadas, rematados em redondo pela sua extremidade mais larga".[5][6]
  2. Não se encontrou melhor tradução para o termo cresterías usado no original. Cresterías são «adornos de rendilhados muito utilizados no estilo ogival, que se colocavam nos beirais do telhado e outras partes altas dos edifícios».[8] Ver «Crestería» na Wikipédia em castelhano.
  3. O concejo e o sexmo eram órgãos colegiais de administração política dos municípios, estando o último termo mais associado à administração de áreas rurais. Ver «Sexmo» na Wikipédia em castelhano).
  4. a b As dehesas são montados (bosques de azinheira e sobreiro) usados como pastagens sazonais, nomeadamente para gado transumante. Ver «Dehesa» na Wikipédia em castelhano.

Referências

  1. «Plasencia, Parada Obligada». Plasencia Joven (em espanhol). Itec Informatica e Internet, S.L. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  2. «Plasencia, Qué Ver». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 29 de março de 2009 
  3. a b «Monumentos» (em espanhol). Ayuntamiento de Plasencia. www.aytoplasencia.es. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  4. a b c d «Catedráles de Plasencia». www.ruralgest.net (em espanhol). Turismo Rural en Extremadura. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 19 de junho de 2010 
  5. «gallonada». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
  6. «gallón». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
  7. «Catedral Vieja de Plasencia. Catedral de Santa María». Catedrales de España (em espanhol). Arteguias de la Garma. Novembro de 2007. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  8. «crestería». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
  9. «Iglesia de San Nicolás». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010 
  10. López Martín, Jesús Manuel (1994). «Las tablas de Luis de Morales en el retablo de la iglesia de San Martín de Plasencia (Cáceres)» (PDF). Revistas Digitales. Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED). Facultad de Geografía e Historia. Espacio, Tiempo y Forma, Historia del Arte. VIII (em espanhol) (7): 57-71. ISSN 1130-4715. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  11. a b Sendín Blázquez, José (10 de julho de 2006). «Convento e Iglesia de Santo Domingo. Los Dominicos en Plasencia» (PDF). Archivo-Biblioteca, Diputación Provincial de Cáceres. Revista Alcántara. IV (em espanhol) (64). 95 páginas. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 24 de janeiro de 2010 
  12. «Iglesia de San Estebán». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010 
  13. «Iglesia de San Esteban». Plasencia Joven (em espanhol). Itec Informatica e Internet, S.L. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  14. «Santuario de la Virgen del Puerto». Plasencia Joven (em espanhol). Itec Informatica e Internet, S.L. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  15. a b «Patrimonio Cultural::Ermita de San Lázaro» (em espanhol). Ayuntamiento de Plasencia. www.aytoplasencia.es. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  16. «Ermita de San Lázaro». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010 
  17. «Iglesia de Santa Ana». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 14 de outubro de 2012 
  18. «Patrimonio Cultural::Iglesia de La Magdalena» (em espanhol). Ayuntamiento de Plasencia. www.aytoplasencia.es. Consultado em 24 de janeiro de 2010 
  19. «Santo Domingo». semanasantadeplasencia.com (em espanhol). Unión de Cofradias Penitenciales de Plasencia. Consultado em 20 de outubro de 2010. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2010 
  20. «Patrimonio Cultural::Convento de las Carmelitas Descalzas» (em espanhol). Ayuntamiento de Plasencia. www.aytoplasencia.es. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  21. Anzoles, Pedro (16 de novembro de 2007). «La Caja redacta el proyecto de rehabilitación de las Carmelitas» (em espanhol). Hoy Digital. www.hoy.es. Consultado em 31 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 31 de janeiro de 2010 
  22. Galindo Alcántara, Francisco Javier (1999). «Plasencia — Complejo Cultural Las Claras». Senderos de Caja de Extremadura (em espanhol). Proyecto ALEX, Confederación Empresarial de Turismo de Extremadura. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2010 
  23. «Patrimonio Cultural::Palacio Episcopal» (em espanhol). Ayuntamiento de Plasencia. www.aytoplasencia.es. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2010 
  24. «Plasencia — Palacio Episcopal». rutadelaplata.com (em espanhol). Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata. Consultado em 24 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2013 
  25. «Guía básica de Plasencia. Murallas, acueducto y diversión». viajarporextremadura.com (em espanhol). Epsilon Eridani C.B. 2007. Consultado em 25 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2010 
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  28. Palomo Linares, Florencio (2005). Plasencia y el Valle del Jerte (em espanhol). Leão, Espanha: Everest. p. 4. ISBN 84-241-0495-1 
  29. «Resolución de 22 de mayo de 2009, de la Dirección General de Bienes Culturales, por la que se incoa el procedimiento para la inscripción como Bienes de Catalogación General de manera colectiva en el Catálogo General del Patrimonio Histórico Andaluz, los Triunfos de San Rafael, en los términos municipales de Córdoba, Castro del Río, Iznájar y Villafranca de Córdoba». Boletín Oficial de la Junta de Andalucía (em espanhol). Junta de Andaluzia. 10 de julho de 2009. Consultado em 30 de janeiro de 2010 
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  40. del Manzano, Fernando Flores (2000). «La Cueva de Boquique: Un enclave histórico placentino» (em espanhol). Revista electrónica del Colegio Público Miralvalle (Plasencia). Consultado em 27 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2010 
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