Argumentum ad hominem (latim, argumento contra a pessoa) é uma falácia do tipo informal no campo da linguagem natural. O padrão argumentativo se caracteriza pela tentativa de refutação de uma linha propositiva a partir da crítica ao seu autor, e não ao seu conteúdo.[1][2][3]
A falácia ocorre porque conclui sobre o valor da proposição sem examinar seu conteúdo. De acordo com Stephen Downes:
Ataca-se pessoa que apresentou um argumento e não o argumento que apresentou. A falácia ad hominem assume muitas formas. Ataca, por exemplo, o carácter, a nacionalidade, a raça ou a religião da pessoa. Em outros casos, a falácia sugere que a pessoa, por ter algo a ganhar com o argumento, é movida pelo interesse. A pessoa pode ainda ser atacada por associação ou pelas suas companhias. Todavia, o carácter ou as circunstâncias da pessoa nada tem a ver com a verdade ou falsidade da proposição defendida.Guia das Falácias de Stephen Downes[4]
O argumento contra a pessoa é uma das falácias caracterizadas pelo elemento da irrelevância, por concluir sobre o valor de uma proposição através da introdução, dentro do contexto da discussão, de um elemento que não tem relevância para isso, que neste caso é um juízo sobre o autor da proposição.
Pode ser agrupado também entre as falácias que usam o estratagema do desvio de atenção, ao levar o foco da discussão para um elemento externo a ela, que são as considerações pessoais sobre o autor da proposição.
Pode-se distinguir entre alguns tipos do argumento contra a pessoa,[5] que lançam mão de estratégias ligeiramente diferentes:
Ver artigo principal: Tu quoque |
Um exemplo comum dessa falácia é a associação à figura de Hitler, apelidada de Reductio ad Hitlerum.[9]
Em 2015, um artigo intitulado Experiential Thinking in Creationism - A Textual Analysis, publicado na Plos One, demostrou claramente um acervo de textos criacionistas que apelam pela demonização de cientistas evolucionistas como Charles Darwin na tentativa de invalidar as suas proposições científicas:[10]
Embora os três trabalhos de Karl Marx sejam a base para os sociólogos e antropólogos terem um entendimento sobre os sistemas políticos capitalista, comunista e socialista,[11] ataques à sua figura[12] pessoal são costumeiramente realizados pelos opositores do sistema comunista que tentam refutar dadas proposições. Uma matéria da revista The Economist relata que demonização de Marx em grande parte do Ocidente é lamentável,[13] dada a importância de seus pensamentos para as ciências sociais.
O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial e Patrono da Educação Brasileira[14] pela sua proposta do método de alfabetização dialético,[15][16] sofre costumeiramente ataques à sua figura pessoal por opositores ao dito modelo freireano de educação popular.[17][18] Em 2019 foi classificado como energúmeno por Jair Bolsonaro[19][20][21] e uma série de ataques levaram o Instituto Paulo Freire (IPF) à criar um curso contra fake news criadas para denegrir a imagem do educador.[22]
Stephen Hawking, físico teórico e cosmólogo, um dos mais renomados cientistas do século,[23] reconhecido internacionalmente por sua contribuição à ciência com obras que ajudaram a divulgar complexas teorias cosmológicas e a Origem do Universo, levantou diversos argumentos em seus livros contra a assertiva de que o universo seja fruto de uma causa inteligente pela inferência de uma deidade.[24] Muitos opositores de suas proposições tentam usar a doença neuronal motora que o paralisou como forma de reduzi-las ou desviar o foco da discussão. Um exemplo disso advém do jornalista Olavo de Carvalho que, ao discordar de alguns desses escritos de Hawking, lançou a seguinte declaração: “Não precisamos desprezar a obra do pobre Hawking por isso, porque o sujeito era doente. Mas, quando escreveu isso, ele não estava bem”.[25]