Carnaval do Rio de Janeiro | |
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Desfile da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro de 2014. | |
Número de edições | 126 (até 2019) |
Fundador(es) | Hilário Jovino Ferreira Deixa Falar Mundo Sportivo |
Local(is) | Rua Marquês de Sapucaí, Estrada Intendente Magalhães e Avenidas principais. |
Data(s) | Sete semanas antes do Domingo de Páscoa |
Gênero(s) | Marchinhas de tradição e principalmente Samba, mas também apresenta Pop, Rock clássico, Frevo, Maracatu, Axé e Música Popular. |
Carnaval do Rio de Janeiro é uma festa popular de cunho religioso e histórico-social realizada durante cinco dias consecutivos no mês de fevereiro desde 1893 com a criação do primeiro rancho carnavalesco, o "Rei de Ouros", pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira.[1] Esse festival é considerado o maior carnaval do mundo pelo Livro dos Recordes. Trata-se de uma celebração mundialmente famosa, constituída por diferentes tipos de manifestações culturais, como desfiles de escola de samba, bailes de máscaras, festas móveis dos blocos de embalo seguidos por seus foliões fantasiados, e ainda bandas de rua e blocos de enredo ("escolas de samba" de pequeno porte), chamados de cordões. Também se caracteriza pela irreverência e banalidade, pelos nomes de duplo sentido (especialmente dos blocos) e pela diversidade cultural, musical e sexual.
O desfile competitivo das escolas de samba foi idealizado pelo jornalista Mário Filho (irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues e pernambucano assim como Hilário Jovino), que organizou através do seu periódico Mundo Esportivo o primeiro certame oficial, no ano de 1932.[2][3][4] Outro recifense, Pedro Ernesto, também atuou de forma decisiva para o sucesso do evento: quando prefeito do então Distrito Federal, tornou-se o primeiro político a dar apoio financeiro ao carnaval, dentro de um projeto que visava transformar o Rio de Janeiro numa potência do turismo, e em 1935 reconheceu e oficializou os desfiles.[5][6]
Após um período de decadência dos festejos de rua nas décadas de 80 e 90, quando o carnaval da cidade resumia-se quase que unicamente aos desfiles das escolas de samba, o carnaval dos blocos e bandas de rua voltou a crescer, entrando oficialmente para o Guinness Book.[7] Atualmente, o carnaval de rua da cidade é cerca de cinco vezes maior que os festejos realizados pelas escolas de samba e apresenta-se como um evento multifacetado, possuindo: blocos dos mais variados ritmos, como samba, marchinhas, ritmos nordestinos, entre outros; e blocos temáticos que tocam de Mamonas Assassinas a Beatles.[8][9]
O carnaval carioca pode ser considerado um evento cultural de alto prestígio, já tendo sido eleito, pelos internautas do site estrangeiro Fun Party, como a melhor festa do mundo. É citado, constantemente, como o carnaval mais famoso que existe.[10][11][12]
Sua história remonta do período da Independência do Brasil, quando a elite carioca decidiu se afastar do passado lusitano e incrementar a aproximação com as novas potências capitalistas. A cidade e a cultura parisienses passariam, portanto, a ser os parâmetros a guiar as modas e modos a serem importados.
Imediatamente, surgem os grandes bailes de carnaval na cidade, que acabariam por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A ideia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que via, aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval.
Paralelamente ao movimento de implantação de uma festa civilizada, outras diversões rapidamente tomavam forma na cidade: o entrudo, com sua alegria desorganizada e espontânea, os grupos negros de Congadas (ou Congos) e Cucumbis, que aproveitavam-se da relativa liberalidade reinante para conseguir autorização policial para se apresentarem e, além disso, outros grupos reunindo a população carente de negros libertos e pequenos comerciantes portugueses (mais tarde conhecidos como Zé Pereiras), que sentiram-se incentivados a passear pelas ruas.
A mistura desses diferentes grupos acabaria por forçar uma espécie de diálogo entre eles. Em pouco tempo as influências mútuas se fazem notar através da adoção pelo carnaval popular, das fantasias e da organização características da folia burguesa. As sociedades carnavalescas por sua vez, passaram a incorporar boa parte dos ritmos e sonoridades típicos das brincadeiras populares.
O resultado de tudo isso é que as ruas do Rio de Janeiro veriam surgir toda uma variedade de grupos, representando todos os tipos de interinfluências possíveis. É essa multiplicidade de formas carnavalescas, essa liberdade organizacional dos grupos que faria surgir uma identidade própria ao carnaval carioca. Uma identidade forjada nas ruas, entre diálogos e tensões.[14]
O carnaval da capital francesa foi um dos elementos de influência, fazendo com que a folia do Rio de Janeiro rapidamente apresente bailes mascarados aos moldes parisienses. Inicialmente promovidos ou incentivados pelas Sociedades Dançantes que existiam na cidade (como a Constante Polka, por exemplo) esses bailes acabariam por ser suplantados pelos bailes públicos, como o famoso baile público do Teatro São Januário promovido por Clara Delmastro.[15]
O grande sucesso dos bailes acabaria por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A ideia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que via, aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval de feição 'entruda'.[15]
O povo carioca assistia deslumbrado a esses cortejos sem, entretanto, se furtar a saudar com seus limões de cheiro os elegantes mascarados. A tensão decorrente desse embate carnavalesco faria com que a elite procurasse organizar cada vez mais seus passeios através da reunião de um grande número de carruagens e da presença ostensiva de policiamento incorporado aos desfiles.[15]
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As escolas de samba têm como precursores os ranchos carnavalescos. O "Rei de Ouros", criado em 1893 pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira, foi o primeiro rancho de carnaval, responsável por apresentar novidades como o enredo, personagens como o casal de mestre-sala e porta-bandeira e o uso de instrumentos de cordas e de sopro.[26][27][28][29]
No final dos anos 1920 o Brasil buscava criar uma identidade capaz de diferenciá-lo dentro da nova ordem mundial estabelecida após a Primeira Grande Guerra. O conceito de negritude se destacava mundialmente valorizando as produções culturais negras como a Arte africana e o jazz. A festa carnavalesca e o novo ritmo de base negra recém surgido, o samba, seriam as bases para a formulação de um sentido de brasilidade. A valorização do samba e da negritude acabariam aumentando o interesse da intelectualidade nos novos "grupos de samba" que surgiam nos morros cariocas. Esses grupos passariam a se apresentar "no asfalto", ou seja, longe dos guetos dos morros, sendo chamados de escolas de samba.[2]
Em 1932, o periódico Mundo Sportivo, do jornalista pernambucano Mário Filho (irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues), decidiu organizar o primeiro desfile competitivo das escolas de samba.[2]
Tratadas, inicialmente, como uma espécie de curiosidade "folclórica", as escolas de samba foram, pouco a pouco, cativando a sociedade carioca com seu ritmo marcado, com a sonoridade inesperada de suas cabrochas e com os temas populares de suas letras. Mantidas por décadas como elementos secundários da folia carnavalesca carioca, as escolas de samba adquiririam grande proeminência a partir da década de 1950, com a incorporação da classe média aos desfiles, consequência da aproximação entre as escolas e intelectuais de esquerda. A partir daí elas galgariam os degraus do sucesso até se tornarem o grande evento carnavalesco nacional.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.
Joãosinho Trinta foi um dos mais emblemáticos e, provavelmente, o mais polêmico carnavalesco brasileiro, foi dono de uma trajetória que se iniciou quando seu nome artístico ainda se escrevia com “z”, apesar de não ser carioca e sim de São Luís do Maranhão virou um dos símbolos do Carnaval do Rio de Janeiro. Estreou no carnaval carioca na década de 60, na Acadêmicos do Salgueiro e virou carnavalesco da escola em 1973, no Salgueiro conquistou dois títulos em 1974 e 1975.
Deixou o Salgueiro em 1976 e foi para a Beija-Flor de Nilópolis onde estreou para a história dos desfiles de Escola de Samba introduzindo elementos inéditos em carros alegóricos e nas fantasias, como o tão usado esplendor. Ganhou um tricampeonato em 1976, 1977 e 1978 pela escola de Nilópolis, tirando a hegemonia das 4 grandes (Portela, Império Serrano, Salgueiro e Mangueira). Seu maior e melhor desfile foi em 1989 com o enredo "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", que teve a polêmica do Cristo coberto por ordem judicial. No pano da cobertura tinha escrito "MESMO PROIBIDO OLHAI POR NÓS".
Inovou em 2001, pela Acadêmicos do Grande Rio, onde fora mostrado algo jamais visto no Carnaval: o americano Eric Scott levanta voo em plena avenida, numa ousadia impactante que maravilhava os espectadores. Com tecnologia importada da NASA, o fato ficou marcado na história do carnaval carioca. Joãozinho arrebatou, ao todo, 11 títulos do carnaval carioca. É dono da célebre frase "O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual".[30]
Paulo Barros, até então desconhecido do público, surge para o carnaval nos anos 2000, trazendo os impactantes "carros vivos" (alegorias formadas por pessoas executando coreografias) e torna-se famoso com os surpreendentes desfiles da Unidos da Tijuca, uma escola modesta até o momento que havia ganhado apenas um título em 1936. Após anos conseguindo apenas o vice-campeonato, o carnavalesco, enfim, é campeão com o enredo "É segredo", da escola tijucana. A comissão de frente, que trocava de roupa na Sapucaí, foi o grande destaque do carnaval campeão da Unidos da Tijuca no ano de 2010, desde então, Paulo Barros assume o posto de "carnavalesco-sensação" dos desfiles, após isso ele venceu ainda os Carnavais de 2012 e 2014 pela escola da Tijuca.
Após ser tricampeão ele vai para a Mocidade Independente para o Carnaval de 2015, sendo o carnavalesco mais caro do Carnaval carioca há uma grande expectativa que o título vá para Padre Miguel, porém com ele consegue um amargo 7º lugar para a escola, após o resultado Paulo Barros acaba saindo da escola.
Em 2016 ele vai para a Portela, a escola de Madureira apesar de ser a maior campeã não ganhava o Carnaval desde 1984, no primeiro ano ele ganha o 3º lugar, criando um estigma de carnavalesco que só vence na Unidos da Tijuca, porém em 2017 ele e a Portela voltaram a ser campeões, a escola vinha de um jejum de 33 anos sem vencer um título, ganhando assim seu 22º título com o enredo "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?" esse foi o 4º de Paulo Barros e tirou o título de ser um carnavalesco que só vencia pela Unidos da Tijuca. [31]
Após a vitória em 2017 com a Portela ele decide voltar para a Unidos de Vila Isabel escola que foi carnavalesco em 2009.
Tendo como berço a cidade do Rio de Janeiro, os desfiles de escolas de samba ganharam fama internacional ao longo do tempo e se espalharam por vários países, passando a ocorrer em lugares como a Argentina e a Finlândia. [32][33]
No ano de 2013, o então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, publicou decreto no Diário Oficial proibindo a venda de abadás e qualquer outro tipo de restrição ou demarcação de áreas privadas durante os desfiles dos blocos de rua na cidade, com o fim de garantir que o carnaval de rua carioca permanecesse como uma festa popular, gratuita e acessível à participação de toda e qualquer pessoa. [34][35]
O carnaval de rua do Rio é tido, constantemente, como um dos mais democráticos e acessíveis do país, não só por oferecer vasta diversidade temática, rítmica e cultural, mas também por permitir a participação gratuita de quem deseja participar da festa. Todos os blocos e bandas da cidade são gratuitos.[36]
Com o ressurgimento do carnaval de rua carioca veio também uma intensa diversificação musical e cultural em geral, o que pode ser observado no aparecimento dos "blocos temáticos", que surgem como característica marcante da festa, a exemplo dos blocos: Sargento Pimenta, que desfila ao som da banda inglesa The Beatles; Pra Iaiá, composto exclusivamente por fãs e ex-músicos do grupo musical Los Hermanos; Terreirada Cearense, que tem como foco a música de raiz do Nordeste; Rio Maracatu, que entoa ritmos pernambucanos; do Super Mario Bloco, bloco nerd fundado em 2012; o New Kids on the Bloco, novo nome da tradicional Banda da Rodolfo Dantas realiza grande sucessos da música pop em versões mais instrumentais. E o Thriller Elétrico, que reúne fãs do cantor Michael Jackson.[37][38][39][40] A Associação de Profissionais e Amigos do Funk cria um bloco dedicado ao funk carioca.[41]
Em 2015, surgiram os blocos: Brasília Amarela, que faz homenagem aos Mamonas Assassinas;[42] Match Comigo, inspirado no aplicativo de smartphone de encontros Tinder;[43] e o Pega no Meu Pau de Selfie e Balança, cuja inspiração veio da febre dos chamados "Pau de Selfie". Tendo no ano seguinte alterado o nome para Pega na Minha Tocha e Balança em alusão aos jogos da XXXI Olimpíada.[44]
Em 2015, época dos 450 anos da cidade, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) passou a reconhecer as marchinhas de carnaval como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro, por considerá-las uma manifestação tipicamente carioca e um gênero musical que se popularizou por todo o país, contribuindo para o legado de diversos artistas e ajudando a construir a identidade carnavalesca carioca e nacional.[45]
A diversidade do carnaval de rua carioca vai além da variedade de ritmos e temas, englobando, também, desfiles de blocos formados por estrangeiros, como foi o caso do bloco britânico Carnaval Transatlântico, que estreou em 2014, e do bloco francês Ulalá Balancê, surgido no ano de 2013. [46][47]
Nos anos 2000, o carnaval de rua do Rio de Janeiro voltou a crescer, sendo homologado oficialmente pelo Guinness Book (o Livro dos Records), em 2004, como sendo o maior carnaval do mundo, com aproximadamente 2 milhões de pessoas por dia e um número de 400 mil visitantes estrangeiros. [48]
Em 2014, de acordo com dados da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), o carnaval de rua da cidade teria levado mais de 5 milhões de foliões às ruas, dos quais, destes, 918 mil seriam turistas, mas sem especificar exatamente a quantidade de estrangeiros. Teria, também, movimentado cerca de 2 bilhões de reais na economia local.[49]
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Palcos dos desfiles | |
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Centro do Rio | Campinho |
Sambódromo da Marquês de Sapucaí | Estrada Intendente Magalhães[84] |
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