Marcella Alves | |||||
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Marcella Alves no desfile de 2016 do Salgueiro. | |||||
Informações pessoais | |||||
Nome completo | Marcella Alves Araújo | ||||
Data de nasc. | 22 de maio de 1983 (40 anos) | ||||
Local de nasc. | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil | ||||
Informações profissionais | |||||
Escola atual | Acadêmicos do Salgueiro | ||||
Escolas de samba | |||||
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Marcella Alves Araújo (Rio de Janeiro, 22 de maio de 1983) é uma porta-bandeira brasileira, atuante no carnaval do Rio de Janeiro.[1] Além de dançarina, com formação em balé clássico, é formada em Educação Física, com pós-graduação em Fisiologia do Exercício, pela Universidade Gama Filho. Também estudou na Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira de Mestre Manoel Dionísio.[2][3]
Quando pequena, frequentava a quadra da escola de samba Lins Imperial, onde se interessou pela dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Teve sua primeira experiência como porta-bandeira, aos nove anos de idade, na escola de samba mirim Infantes do Lins. Três anos depois, foi convidada para desfilar como primeira porta-bandeira da escola Lins Imperial, onde foi campeã do carnaval do Grupo B, no ano de 1997. Foi a mais jovem primeira porta-bandeira a desfilar por uma escola de samba no Grupo Especial do Rio de Janeiro, aos quatorze anos, em 1998, pela Caprichosos de Pilares.[4][5] Ficou na escola por três carnavais. Também desfilou por cinco anos no Salgueiro, quatro anos na Mocidade Independente de Padre Miguel e mais quatro anos na Mangueira, até retornar ao Salgueiro em 2014.[3][6] Também participou do carnaval de Uruguaiana, com passagens pelas escolas Império Serrano e Unidos da Cova da Onça.[7]
É vencedora de quatro Estandartes de Ouro, considerado o "Óscar do carnaval carioca", entre outros prêmios como o Tamborim de Ouro, Estrela do Carnaval e S@mba-Net. Marcella é conhecida como uma pessoa reservada, avessa a festas e aparições públicas.[8] Também é considerada uma das porta-bandeiras mais técnicas do carnaval.[9] Além de atuar como porta-bandeira, exerce as profissões de personal trainer e instrutora de educação física.[10] É casada com o empresário Eduardo Araújo e tem uma filha.[11]
Marcella de Oliveira Alves (depois de casada, Marcella Alves Araújo) nasceu em 22 de maio de 1983 na cidade do Rio de Janeiro.[12] Filha da dona de casa Sandra de Oliveira e do corretor de imóveis Wilson Alves, é a caçula dos três filhos do casal.[13] Foi criada no bairro Lins de Vasconcelos, no subúrbio carioca. Aos seis anos de idade começou a estudar balé clássico no Centro de Dança Rio, no Méier.[2] No balé, tinha predileção pelo pas de deux ("passo de dois" em francês), a dança executada por um bailarino e uma bailarina. Desde pequena acompanhava os pais nos ensaios da escola de samba Lins Imperial. Seu avô paterno, Wilson Cambaxirra, foi presidente da escola.[2] Marcella se interessou pela dança de mestre-sala e porta-bandeira após assistir a um ensaio do primeiro casal da Lins, Jorginho e Bárbara Marcelle.[14][15] Com Bárbara, teve sua primeira aula sobre a dança de casal no carnaval.[13]
Aos oito anos de idade, em 1992, Marcella Alves desfilou na comissão de frente da recém fundada Infantes do Lins, a escola de samba mirim da Lins Imperial. Para o ano seguinte, a escola mirim lançou um concurso a fim de escolher uma nova porta-bandeira. Marcella participou e venceu o concurso, sendo convidada, também, para desfilar pela Lins Imperial. Em 1993, aos nove anos de idade, estreou na Marquês de Sapucaí como terceira porta-bandeira da Lins Imperial, desfilando pelo Grupo A.[2]
Em 1994 e 1995, desfilou como segunda porta-bandeira; em 1996, foi promovida ao posto de primeira porta-bandeira da Lins Imperial. Desfilando pelo Grupo B, a terceira divisão do carnaval carioca, a escola foi a 7.ª colocada. No ano seguinte, trocou a Infantes do Lins pela Inocentes da Caprichosos (escola mirim da Caprichosos de Pilares); e foi campeã do Grupo B pela Lins Imperial, desfilando com o mestre-sala Marquinhos Sorriso.[13]
Para o carnaval de 1998, recebeu um convite para desfilar no Grupo Especial (primeira divisão do carnaval carioca) pela Caprichosos de Pilares. Aos quatorze anos de idade, Marcella foi a mais jovem primeira porta-bandeira a desfilar pelo Grupo Especial.[16] Em sua estreia na elite do carnaval carioca, conquistou a pontuação máxima no julgamento oficial. Com o enredo "Negra origem, negro Pelé, negra Bené", a Caprichosos ficou classificada em 10.º lugar. Nos carnavais de 1999 e 2000, Marcella continuou na Caprichosos, tendo como parceiro, o mestre-sala Peixinho. Nos dois carnavais, conquistou duas notas 10 e uma nota 9,5. A Caprichosos ficou classificada, respectivamente, em 9.º e 11.º lugar.
No carnaval de 2001, se transferiu para o Salgueiro, tendo como parceiro o mestre-sala Ronaldinho. Na noite de 11 de janeiro de 2001, Marcella e Ronaldinho participavam da gravação do programa de televisão Xuxa Park, quando um incêndio destruiu o cenário do programa deixando várias pessoas feridas, incluindo Ronaldinho e seu filho.[17]
"Foi muita correria. Tirei a sandália, peguei minha mãe pela mão e tentei escapar, mas me perdi no meio da fumaça e fomos parar numa sala do terceiro andar. Quis descer, mas a fumaça preta tinha tomado conta de tudo. Voltamos para a sala, fechei a porta, mas a fumaça entrava pelas frestas. Os bombeiros jogavam toalhas úmidas pela janela."— Marcella descrevendo os momentos de tensão durante o incêndio no Xuxa Park.[17]
Ronaldinho conseguiu se recuperar antes do desfile e o casal conquistou nota 10 de todos os jurados. Pela apresentação, Marcella recebeu o seu primeiro Estandarte de Ouro de melhor porta-bandeira.[18] O seu parceiro, Ronaldinho, também foi premiado como melhor mestre-sala.[18] Com um enredo sobre o Pantanal Sul-Matogrossense, o Salgueiro terminou a competição classificado no 4.º lugar.
No desfile de 2002, Marcella deixou a bandeira da escola cair durante sua apresentação no primeiro módulo, o que rendeu uma nota 9,2 ao casal.[2] A porta-bandeira recebeu críticas, porém, as outras três notas 10, no mesmo desfile, asseguraram sua permanência no Salgueiro.[2] A escola terminou na 6.ª colocação. Em 2003, o casal não obteve um bom desempenho, perdendo quatro décimos no total das notas. Com um enredo comemorativo sobre os cinquenta anos do salgueiro, a escola terminou em sétimo lugar, ficando de fora do desfile das campeãs. No carnaval de 2004, o casal recebeu nota máxima de todos os jurados, sendo, ao lado de Lucinha Nobre e Rogerinho Dornelles da Unidos da Tijuca, os únicos casais a conquistar quatro notas 10. A escola foi a 6.ª colocada do carnaval. No mesmo ano, Marcella formou-se em Educação Física pela Universidade Gama Filho. Fora do carnaval, trabalhava como professora de natação e musculação.[2]
Em 2005, Marcella Alves obteve o seu pior desemprenho, até então, no Grupo Especial, perdendo meio ponto no julgamento oficial. Após o resultado, a porta-bandeira se desligou do Salgueiro, atribuindo sua saída à desentendimentos com o então presidente da agremiação, Luiz Augusto Laje Duran ("Fú").[2] Segundo Marcella, seu relacionamento com o mestre-sala Ronaldinho também estaria desgastado.[2] Após a saída de Marcella, Ronaldinho declarou em entrevista que a porta-bandeira foi imatura ao deixar a escola após um resultado ruim.[2]
"Uma garota de 21 anos que passou pelo que já passei não tem a menor condição de ser imatura. Apenas sei o que no momento é melhor para o meu trabalho e, como amo os salgueirenses, e sempre quis dar o melhor de mim para a escola, e sabia que com o desentendimento meu com o Fú passaria a existir um clima ruim entre ele e eu, preferi jogar a toalha. Não quis correr o risco de desrespeitá-lo, como ele fez comigo."— Marcella sobre sua saída do Salgueiro.[2]
Para o carnaval de 2006, a porta-bandeira acertou sua transferência para a Mocidade Independente de Padre Miguel, tendo como parceiro o mestre-sala Rogerinho Dornelles. Em seu primeiro ano na escola, perdeu apenas um décimo no julgamento oficial, por conta da volumetria da fantasia do casal.[19] A escola terminou classificada no 10.º lugar.
No carnaval de 2007, desfilou com um novo parceiro, o mestre-sala Marcelo Pessoa, estreante no Grupo Especial.[20] O casal não obteve um bom desemprenho, perdendo oito décimos no julgamento oficial. Nas justificativas dos jurados, Marcella recebeu elogios, enquanto o mestre-sala recebeu diversas criticas.[21] Com um enredo sobre o artesanato, a escola terminou classificada no antepenúltimo lugar.
Em 2008, mais uma vez, a escola trocou de mestre-sala. Rogerinho Dornelles retornou à Mocidade para fazer par com Marcella. O casal recebeu três notas 10, perdendo apenas um décimo, do jurado Tito Canha, por apresentar um bailado "confuso".[22] O casal recebeu os prêmios Tamborim de Ouro e Estrela do Carnaval de 2008.[23][24] A Mocidade ficou classificada na 8.ª colocação. Após o carnaval, o mestre-sala Rogerinho se desligou da escola.[25]
Indicado por Marcella, Raphael Rodrigues foi contratado pela Mocidade para ser o novo mestre-sala da agremiação.[25] No desfile de 2009, Marcella e Raphael receberam apenas uma nota 10, perdendo quatro décimos na pontuação total. Nas justificativas dos jurados, Marcella foi elogiada, enquanto as críticas foram direcionadas ao mestre-sala.[26] A Mocidade terminou classificada na penúltima colocação do Grupo Especial, quase sendo rebaixada.
Após o carnaval de 2009, Marcella Alves e Raphael Rodrigues se transferiram para a Estação Primeira de Mangueira, substituindo o casal Giovanna Justo e Marquinhos, que desfilavam a quatorze anos na verde-e-rosa.[27] Em seu primeiro ano na escola, o casal perdeu três décimos no julgamento oficial. Marcella e Raphael receberam os prêmios Estrela do Carnaval e Tupi Carnaval Total 2010.[24][28]
No carnaval de 2011, o casal foi o único a conquistar a pontuação máxima dos jurados, com quatro notas 10 e uma nota 9,8 que foi descartada. Com um enredo em homenagem a Nelson Cavaquinho, a Mangueira ficou classificada na terceira colocação. Marcella e Raphael receberam o prêmio Tamborim de Ouro de melhor casal de 2011, sendo este, o segundo Tamborim de Ouro de Marcella.[29]
Em 2012, Marcella desfilou representando o bloco Bafo da Onça, enquanto seu parceiro, Raphael, representou o bloco Cacique de Ramos. A caracterização não agradou os jurados e o casal conquistou apenas uma nota 10.[30] Pela exibição, Marcella recebeu seu terceiro Tamborim de Ouro e o prêmio Plumas e Paetês Cultural de personalidade do carnaval.[31][32] Em junho de 2012, Marcella se casou com o empresário e ritmista da escola de samba Unidos da Tijuca, Eduardo Araújo, após dez anos de namoro com o mesmo.[8][3][33]
No desfile de 2013, o casal conquistou nota 10 de todos os jurados e diversas premiações como o Estrela do Carnaval, S@mba-Net e Tupi Carnaval Total.[34][35][36][37] Marcella recebeu o seu segundo Estandarte de Ouro de melhor porta-bandeira.[38] Após o carnaval, anunciou o seu desligamento da escola.[39] Marcella foi a primeira porta-bandeira da Mangueira a não ter ligação direta com a escola, todas as porta-bandeiras anteriores da agremiação eram da comunidade mangueirense. Após a saída de Marcella, a tradição foi retomada com a entrada de Squel Jorgea em seu lugar. No mesmo ano, Marcella desfilou com Raphael Rodrigues pela escola Império Serrano (de Uruguaiana), no carnaval de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.[40] O carnaval da região é conhecido por ser "fora de época", não coincidindo com os desfiles do Rio. Por falta de verba da escola, o casal recebeu cachê para desfilar apenas em uma das duas noites de apresentação.[40] Ainda em 2013, foi lançado o livro "Onze Mulheres Incríveis do Carnaval Carioca", do jornalista Aydano André Motta, onde a história de Marcella foi contada em um dos capítulos.[41]
Para o carnaval de 2014, Marcella acertou seu retorno ao Salgueiro, em substituição à porta-bandeira Gleice Simpatia, que havia sido desligada da escola.[42][43] Em seu retorno à agremiação, conquistou a pontuação máxima dos jurados, tendo como parceiro o mestre-sala Sidclei Santos. O casal foi agraciado com o prêmio Estrela do Carnaval, o quarto de Marcella.[24] No mesmo ano, desfilou com Sidclei na escola Unidos da Cova da Onça, no carnaval de Uruguaiana.[7]
Em 2015, o casal conquistou apenas uma nota 10. Em suas justificativas, os jurados condenaram o excesso de coreografia na dança e a fantasia de Marcella.[44][45][4] O Salgueiro perdeu o campeonato por quatro décimos para a Beija-Flor. Segundo Marcella, o casal foi "injustamente culpado" pela perda do título.[46] Pelo segundo ano, Marcella e Sidclei se apresentaram no carnaval de Uruguaiana pela Unidos da Cova da Onça.[47]
No desfile de 2016, o casal apostou em uma dança tradicional, com pouca coreografia.[48] Com fantasias representando os "Reis da ralé", o casal conquistou nota 10 de todos os jurados. Marcella recebeu o seu terceiro Estandarte de Ouro de melhor porta-bandeira.[49] Em 2016, não pôde comparecer ao desfile da Cova da Onça, sendo substituída por Alessandra Chagas, porta-bandeira da Viradouro.[50] Em 2017 e 2018, mais uma vez, Marcella e Sidclei conquistaram a nota máxima. Nos dois anos, o Salgueiro se classificou na terceira colocação. Em junho de 2018 anunciou sua primeira gravidez.[51] Marcella fazia tratamento para engravidar desde o ano anterior. No mês seguinte, a diretoria do Salgueiro afastou Marcella para que ela cuidasse de sua gravidez que, segundo a escola, era de risco. Marcella rebateu a agremiação, alegando que foi dispensada por estar grávida. Também declarou estar chateada pela "falta de carinho, respeito, humanidade e argumentos sem cabimento" da diretoria. O mestre-sala Sidclei também anunciou seu desligamento.[52] O Salgueiro passava por um momento conturbado, onde a oposição tentava anular, na Justiça, a quarta eleição seguida de Regina Celi à presidência da escola. Mesmo após seu desligamento, a porta-bandeira seguiu ensaiando com o mestre-sala Sidclei, confiante que a oposição conseguiria assumir a presidência e cumprir a promessa de reconduzi-los ao posto. Depois de uma batalha judicial que se arrastou por meses, em dezembro de 2018, a Justiça determinou a inelegibilidade de Regina Celi e a posse do candidato da oposição.[53] André Vaz assumiu a presidência e confirmou a volta de Marcella e Sidclei ao posto de primeiro casal.[54] Em 26 de dezembro de 2018, nasceu a primeira filha de Marcella, Maria Rita.[11] No carnaval de 2019, Marcella e Sidclei conquistaram três notas máximas, e o Salgueiro se classificou na quinta colocação. Assim como no ano anterior, o casal recebeu o prêmio Tamborim de Ouro.[55] Em 2020, o casal recebeu nota máxima de todos os cinco jurados. Os dois foram premiados pelo Estandarte de Ouro, sendo o quarto prêmio de Marcela e o terceiro de Sidclei. O Salgueiro ficou novamente em quinto lugar.[56][57]
Marcella Alves possui um título de campeã do Grupo B, conquistado pela Lins Imperial em 1997.
Divisão | Campeonato |
Ano | Vice |
Ano | Terceiro lugar |
Ano |
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Grupo Especial |
0 | - | 2 | 2014 e 2015 | 3 | 2011, 2017 e 2018 |
Grupo B |
1 | 1997 | 0 | - | 0 | - |
Ver também: Premiações extraoficiais do Carnaval do Rio de Janeiro |
Abaixo, a lista de prêmios recebidos por Marcella Alves em sua carreira no carnaval.